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Palavras soltas (29/10/2014 - Quadros/Paintings)







As palavras soltas de hoje sentem os olhos pesados. Pesados pelo cansaço de lutar contra um inimigo invisível. Existem alguns quadros na parede do meu quarto. Olho-os e penso-os. Penso neles para que existam. Penso neles para que deixem de ser meros pedaços de tinta pincelados de forma ordeira. Penso neles para que ganhem vida, deixando o seu ser inanimado e triste para trás. Deixando de ser o que outros quiseram que eles fossem. Penso neles para que existam. Olho-os. Não encontro neles mais do meia dúzia de palavras. Aliás, já não lhes vejo mais desenhos ou pinceladas. Vejo neles uma história desenhada e não falada ou contada. Cada traço é um conjunto de sentimentos, pensamentos, ideias, emoções, loucuras ou bravuras, travessuras, risos, gargalhadas soltas outrora perdidas naquelas telas. Olho-os e penso-os. Ouço-os. Ouço a música. Ouço as notas musicais como se estivesse presente, diante de mim, uma orquestra sinfónica. Coordenadas. Simples. Alegres. Tolas. Inconsequentes. Nenhuma delas se preocupa com a harmonia da melodia que escreveram. Ou melhor, nenhuma delas se preocupa com a harmonia da melodia que alguém escreveu naquelas telas sob a forma de pinceladas. E vivem assim, as libertinas. Vivem como jamais outro alguém viveu. E eu deixo-as viver nas mais diversas formas que a arte pode ter. Vivam! Sejam livres! E, acima de tudo, sejam felizes! Bem, mas estas são outras palavras soltas. Ana Reis






Today my words feel their eyes heavy. And their eyes are heavy because of the exhaustion that they feel on fighting against an invisible enemy. There are some paintings on my bedroom wall. I look at them and think them. I think of them so they exist. I think them so they cease to be mere pieces of ink painted in an orderly manner. I think them so they can be alive, so they can leave their life with no sense of living. So they cease to be what others want them to be. I think them so they exist. I look at them. I can't see more than some words. Incidentally, I can't see no more in them drawings or strokes. I can see in them a story drawn but not spoken or told. Each trace is a set of feelings, thoughts, ideas, emotions, follies or exploits, tricks, laughs that have once been lost on those canvas. I look at them and I think them. I hear them. I hear the music. I hear musical notes as if an orchestra is before me. Beautiful. Simple. Cheerful. Foolish. Inconsequential. None of them cares about the harmony of the melody that they are playing. Or rather, none of them cares about the harmony of the melody that someone wrote on those canvas using strokes. And they are living great, libertine. They live like anyone else has never lived before. And I let them live in the most diverse ways that art can have. Live! Be free! And above of all, be happy! Well, but these are already another kind of words. Ana Reis

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