As palavras soltas de hoje querem, meramente, escrever. Querem escrever umas meras palavras. Têm necessidade de o fazer como se se tratasse de uma necessidade fisiológica. E é. O nosso futuro quarto tem paredes. Paredes que foram desenhadas e construídas de forma premeditada. Paredes que se ergueram desde o chão até ao teto. Numa dessas paredes está desenhada uma janela. Já não te sei dizer se está desenhada ou se é mesmo uma janela. A vista de lá é tão perfeita que mais parece uma miragem ou uma paisagem pintada por alguém. Ou inventada. Como se inventam os sonhos e alguns pensamentos. O cheiro a madeira vindo dos móveis e do chão está por todo o lado. O cheiro. O cheiro que cheiro todas as vezes que lá entro. Os armários encontram-se distribuídos por todo o espaço, não arbitrariamente, mas segundo as normas de todos os decoradores de quartos. A cama de casal delicia-nos com a sua colcha com um aspeto chamativo. Este ano choveu a maior parte do ano. Arriscamo-nos às mesmas rotinas. Aos velhos hábitos. Repetimo-nos porque nos amamos. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words just want to write. They just want to write a few words. They need to make it as if it was a physiological need. And it is. Our future room has walls. Walls that were designed and built in a premeditated manner. Walls that rose from the floor to the ceiling. On one of these walls is designed a window. I can't no longer identify if it is designed or if it is a real window. The view from that window is so perfect that it looks more like a mirage or a landscape painted by someone. Or invented. As dreams and some thoughts can be invented. The smell of wood comes from the furniture and ground and it is everywhere. The smell. The smell that I smell every time I go there. The cabinets are distributed throughout the space, not without any logical sense, but according to the standards of all room's decorators. A double bed delight us with its quilt with a flashy look. This year has rained most of the year. We risk the same routines. The same old habits. We repeat ourselves because we love each other. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis
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