As palavras soltas de hoje estão desiludidas. Desiludidas porque as pessoas conseguem ser muito más e falsas. E é nestes momentos em que me desiludo aos poucos que começo a pensar. E penso. Quanto mais conheço as pessoas e me conheço mais sinto que não existo. Estou entre o que mais quero ser e o que os outros, após pontapés e empurrões, me fizeram ser. Ou melhor, sou 1/4 disso tudo. Porque a vida também tem a sua quota parte de influência. Sou isso... Sou esse pedaço de tempo/espaço nos tempos que correm. De cada vez que eu olho para mim não consigo entender... Não consigo entender-me. Muitas vezes sinto o que não sei se estou mesmo a sentir. E, por isso, perco-me. Perco-me mais do que uma vez por dia nos meus sentimentos não sentidos ou sentidos em demasia. O ar que respiro faz parte de mim, do meu ser. Será que os meus olhos me conseguem ver tal e qual como eu verdadeiramente sou? Será que eu sou mesmo aquilo que eu penso ser? Ou será que serei um mero holograma como os meus sentimentos muitas vezes o são em mim? Serei? E será que quem sente os sentimentos que eu penso sentir serei mesmo eu? No entanto, há esperança no meu sentido de visão involuntária. E já recebi alguns sorrisos. Hoje sinto-me como se não fosse eu mesma a escrever-vos. Sinto-me uma mera observadora daquilo que eu penso ser. A pessoa que fui faz-me lembrar uma outra pessoa que esteve ligada a mim por um cordão umbilical. A pessoa que serei não me interessa, não me diz respeito neste momento. E que tristeza a de ver sofrer um pobre só porque não tem um casaco limpo para poder subir na vida. E pobre também é aquele que, sendo rico, deixou fugir o amor por não ter um casaco limpo na sua vida. Sou imparcial. Isso sei que sou. Não prefiro o rico ao pobre nem o pobre ao rico. Tal como na minha pessoa nunca preferi nada. Gosto de mim de igual para igual. Não há nada que tenha mais ou menos valor. Vejo sempre o mundo independente de mim, das minhas ideias e sensações. E o que faço às minhas ideias e sensações? Guardo-as noutro mundo. Guardo-as como se fizessem parte de um mundo que não este. Se guardei mágoas ou rancores? Não sei o que isso é. As minhas mágoas e os meus rancores nunca transformaram em noite o que era dia para mim. Nunca mudaram o meu mundo interno e, muito menos, o meu mundo externo. E que posso mais dizer sobre isto? Não muito. Se muito de mim vos falasse deixariam de querer escutar-me porque o meu eu hoje já não é mais eu. É qualquer coisa aí pelo meio. E assim vos deixo. Eu que me ature juntamente com os outros eus que existem dentro de mim. Mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
The words of today are disapointed. Disapointed because some people can be very bad and false. And it's at these moments that I slowly start to think. And I think. The more people I know and the more I know myself the more I feel I don't exist. I'm torn between what I most want to be and what others, after kicks and pushes, make me be. Or rather, I'm 1/4 of it. Because life also has its share of influence in me. I'm so... I'm this piece of space/time in these times we're living. Each time I look at me I can't understand... I can't understand me. I often feel that I don't know if I'm really feeling. And so, I lose myself. I lose myself more than once a day in my feelings not felt or felt excessively. The air I breathe is part of me, of my being. Can my eyes see me just like I truly am? Am I what I think I am? Or am I an hologram as my feelings often are in me? Am I? And am I feeling the feelings I think I'm feeling or it's someone else feeling it? However, there is hope in my sense of involuntary vision. And I have received a few smiles. Today I feel as if I am not me. I am a mere observer of who I think I am. The person who I was reminds me another person who was linked to me by an umbilical cord. The person that I will be I don't care, it doesn't concern me at this point. I'm impartial. And I know I am. I don't prefer the rich to the poor and the poor to the rich. As in my person I never prefered anything. I like me as an equal. There is nothing in me that has more or less value. I always see the world independent from me, from my ideas and feelings. And what I do to my ideas and feelings? I keep them in another world. I keep them as if they were part of a world that isn't this. If I kept grievances or grudges? I don't know what this feelings are. My grievances and my grudges never turned into night what day for me. My grievances and my grudges never changed my inner world and, much less, my external world. And what more can I say about this? Not much. If I speak a lot about myself you will no longer want to listen me because my self today is no longer me. I am something in between. And so I leave you. Let me take care of me with all the others me's that exist within me. But these are already another kind of words. Ana Reis
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