As palavras soltas de hoje estão cansadas. Cansadas e por isso não irão escrever muitas palavras. Serão escritas as palavras necessárias. Se não escrever muitas é porque assim tem que ser, e será. Porque da alma só sabemos da nossa. A alma alheia é-nos, como o nome indica, desconhecida. Completamente desconhecida. E, por mais que nos tentem mostrá-la, nunca é a ela que mostram. Vemos, apenas, aquilo que os outros nos deixam ver e aquilo que os nossos olhos conseguem ver. Para além disso é-nos tudo desconhecido. É como o planeta em que vivemos. A nossa alma é o planeta em que vivemos e a alma dos outros... A alma dos outros é outro universo! Estariam, com toda a certeza, à espera que eu vos dissesse que a alma dos outros é outro planeta. Não! A alma dos outros é-nos de tal forma desconhecida que representada pela astronomia é, mesmo, outro universo. Não conseguimos comunicar nem entender. Dos outros apenas conhecemos o que por fora nos mostram. E nós é que tentamos adivinhar o que se passa na alma daquela pessoa. Por vezes, desenhamos a alma dos outros na nossa mente, de tal forma que passamos a acreditar nesse desenho, supondo que existe uma qualquer semelhança no fundo. Todas as pessoas que conheço são assim. Umas mais do que as outras. De algumas já guardei alguns dos desenhos que fui fazendo das suas almas. Metade dos meus amigos são loucura e a outra metade sanidade. Como é que eu faço a pré-seleção? Simples. Muito simples. Demasiado simples, talvez. O critério ou critérios que utilizo nada têm a ver com a pele, cabelo, posição social, olhos, tamanho do nariz, ... Eu gosto de olhá-los e escolhê-los pela capacidade de abrir e de fechar a pupila. Sim, esse movimento reflexo e involuntário de lubrificação ocular. É simples, não é? O brilho desse movimento é que realmente importa. A forma como abrem e fecham os olhos é que me diz muito sobre os meus amigos. O brilho tem que ser de quem questiona e vive na inquietude. Escolho os meus amigos pela ausência de máscara e pelo reflexo da sua alma refletido no rosto. Não quero alguém só para me abraçar, dar-me colo, ... Quero alguém que, para além da calentura normal que todos, ou quase todos, desejamos, me dê alegria. Amigo que não sabe rir nos momentos bons também não sabe chorar nos momentos menos bons. E olhando para os meus amigos eles são mesmo assim. Metade deles são pessoas cómicas e burlescas de circo e a outra metade a retidão e seriedade em pessoa. Os meus amigos são escolhidos por terem gargalhadas imprevisíveis e por terem choros impiedosos. Os meus amigos são sérios e vivem e aprendem da realidade. A realidade é a sua fonte de sabedoria, de conhecimento. Os meus amigos são sérios mas batalham para que o sonho nunca morra! Para que jamais a fantasia desapareça da face da Terra. Quando escolho os meus amigos eles não são adultos, nem enfadados. Metade deles está ainda na infância e a outra metade vive já a sua velhice. A metade que é criança é importante para que nunca se esqueçam de como é bom e valioso o vento a tocar-nos no rosto, as perguntas isentas de maldade e os risos inocentes. A outra metade mais velha é importante para que nunca tenham pressa de viver a vida, para que se saboreie cada momento como se fosse o último. Tenho amigos para me dizerem quem e como sou quando estou um pouco esquecida de mim. Pois ao vê-los loucos e sanos, cómicos, burlescos e retos, sérios, crianças e velhos sinto-me como que a olhar num espelho e a ver o meu reflexo nele. Assim, ao ver os meus amigos, nunca me esquecerei de que a normalidade não existe. É uma utopia de mentes imbecis e estéreis. Mas isso já são outrs palavras soltas. Ana Reis
The words of today are tired. Tired and so I won't write a lot of words today. The necessary words will be written. If I don't write that much it's because it has to be like that and it will be so. Because we only know about our soul. The soul is alien to us, as the name implies, unknown. Completely unknown. And as they try to show it, they never show it to us. We only see what they let us see and what our eyes can see. In addition everytihing is unknown. It's like the planet we live on. Our soul is the planet where we and the soul of others... The soul of others is another universe! You were expecting that I would tell you that the soul of others is another planet. No! The soul of others is unknown to us such that in astronomy it's represented by another universe. We couldn't communicate or understand with it. From others we only know what they show to us. And we try to guess what goes on in the soul of that person. Sometimes we
draw the souls of others in our mind, so we come to believe in
this design, assuming that there is any similarity in the background. All the people I know are like that. Some more than others. From some people I have already kept some of the drawings that I was making of their souls. Half of my friends are crazy and the other half sanity. How do I make a pre-selection? Simple. Very simple. Too simple, perhaps. The criteria that I use have nothing to do with skin, hair,
social position, eyes, nose size, ... I like to look at them and pick
them the ability to open and close their pupils. Yes, this reflex and involuntary movement of ocular lubrication. It's simple, isn't it? The brightness of this movement is what really matters. How they open and close their eyes can tell me a lot about my friends. The brightness has to be from people who questioned and who lives in the unrest. I choose my friends by the lack of shade and by the reflection of their soul reflected in their face. I
don't want someone just to hold me, give me lap ... I want someone
who, beyond the normal sweet things that all, or nearly all, want to,
give me joy. Friend who doesn't know how to laugh in the good times didn't know how to cry in the less good times. And looking at my friends they are just like this. Half of them are comic and burlesque circus people and the other half righteousness and seriousness in person. I choose my friends because they have unpredictable laughter and merciless cries. My friends are serious because they live and learn from reality. The reality is their source of wisdom and knowledge. My friends are serious but they struggle for dreams to keep them alive! To fantasy never disappear from the earth. When I choose my friends they aren't adults, thay aren't bored adults. Half of them still in their infancy and the other half is living their old age. The
half that is child it's important so we never forget how good and valuable is the
wind touching us in the face, the questions without any evil and the
innocent laughs. The other half is older and also important so we stop having hurry to live our life, so we can taste each moment as if it was your last. I have friends to tell me who and how I am when I am somewhat forgotten of me. When I see them crazy and sane, humorous, burlesque and straight,
serious, young and old, I feel as if I am looking in a mirror where I can see my
reflection in it. So, seeing my friends, makes me never forget that normality doesn't exist. It is an utopia of imbeciles and barren minds. But it is already another kind of words. Ana Reis
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