Fotografia: Ana Reis |
As palavras soltas de hoje estão revigoradas. Já conseguiram recarregar energias! Yupi! E precisavam mesmo de recarregá-las. Hoje tenho um convite para vos fazer. Convido-vos a embarcarem comigo neste meu barquinho de papel para vos levar a fazerem a viagem da vossa vida. Não sou eu quem decide o destino. Não sou em quem direciona o leme. Somos todos. O meu barquinho de papel é feito de restos de papel que fui encontrando pelo caminho. Colei-os muito bem para que não haja nenhuma inundação. Não havemos nunca de nos afundar. Nunca! Pintei as suas velas com cores muito fortes. Com todas as cores que existem no mundo e mais algumas. Com mais aquelas que só nós sabemos. Assim em dias de tempestade, quando nos sentirmos mais perdidos, basta olharmos para as velas no barquinho e sentir-nos-emos logo revigorados. Todos nós somos capitão neste meu barquinho. O meu barquinho de papel tem o papel difícil de navegar mesmo quando a maré está a levar-nos no sentido contrário. Para onde vamos? Não sei. Vamos sem destino para onde nós quisermos ir. Podemos fazer várias paragens em diferentes portos da vida de cada um. Só vos digo que, algumas vezes, vai parecer impossível ou, até mesmo, muito doloroso. Mas, nesses momentos, damos as mãos e olhámos o céu. O sol vai acabar por aparecer. O mar é imenso. Temos tanto dele para descobrir e outro tanto de nós também. Este mar que vem de mim e todos os mares que vêm de vocês. Todos nós temos um porto dentro de nós. Todos nós temos, pelo menos, um porto em nós. Vamos ancorando à vez o meu barquinho de papel. Ele chega para todos. Ahhh...! Obrigada por estas mãos. Obrigada por estes olhos. Obrigada por esta boca. Obrigada por este nariz. Obrigada por todo o meu ser. Obrigada pois só assim conseguirei disfrutar desta viagem, só assim trarei memórias visuais, auditivas, táteis, odoríferas, ... todo o meu corpo servirá de mapa para esta viagem pois nele trarei todos os atlas, mapas, planisférios, rotas e caminhos marítimos tal qual os navegadores portugueses em tempos gloriosos. E o vosso corpo será o vosso mapa. E juntos faremos um grande atlas do mundo que só nós conhecemos e desconhecemos. Mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
Photograph: Ana Reis. |
Today my words are reinvigorated. They finally have recharged energies! Yupi! And they really needed to recharge. Today I have an invitation for you. I invite you to embark with me on my paper boat to make the journey of your life. That's not me who decides the fate. That's not me who directs the helm. We all are. My paper boat is made of scraps of paper that was lying on my way. I glued them very well so there is no flooding. We will never sink. Never! I painted their sails with hot colors. With all the colors that exist in the world and some more. With some more colors that only we know. So on stormy days, when we feel lost, we just have to look at the sails and we will instantly feel refreshed. We all are the captain of my paper boat. My paper boat has the difficult role to navigate even when the tide is taking it in the opposite direction. Where are we going? I don't know. It doesn't really matter. We will go to nowhere and to where we want. We can make several stops at different ports of each life. I only tell you that sometimes it will seem impossible or even very painful. But in those moments, we hold our hands and we looked at the sky. The sun will eventually appear. The sea is immense. We have so much of it to discover and of us too. This sea that comes from me and all the seas that come from you. We all have a port within us. We all have at least one port in us. My paper boat will anchor in each port. It will anchor in all ports. Ahhh ...! Thanks for these hands. Thanks for these eyes. Thanks for this mouth. Thanks for this nose. Thanks for my whole being. Thanks because only because of them I'll be able to enjoy this trip, so I can bring visual,
auditory, tactile, fragrant memories... my whole body will be a
map for this trip because it will bring all atlases, maps, planispheres,
routes and sea routes such as the Portuguese navigators in glorious times. And your body will be your map. And together we will make a great atlas of the world that only we know and that only we don't know. But these are already another kind of words. Ana Reis
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