Fotografia por mim (saia de bailarina (TUTU)) |
As palavras soltas de hoje estão frustradas. Sabem quando sabemos que conseguimos mais e o nosso nervosismo/cansaço nos faz mostrar exatamente o contrário? Sinto-me assim. Sinto-me como se o silêncio das almas, de todas as almas tímidas e afáveis, de repente tivesse sido rompido na minha mente. E agora pouco se diz e muito se lamenta. Mas só o facto de se lamentar já produz um intenso e tamanho ruído que a minha alma consegue desassossegar o meu corpo. Talvez a calma não seja calma e seja ares do cansaço de remar contra a corrente neste mar sem fim à vista ou do sofrimento de quem está prestes a desistir e a deixar-se afogar pela própria agitação marítima. E é assim que acabamos por ver diluída a nossa alegria, a nossa fala mais ou menos adocicada vai dando um ar mais arranjado a este arco-íris de melancolia. Para quê tanto sonho, tanta cor, tanta voz e tanta dor em tanto mar... Para quê tudo isto e tanto mais se o mundo está todo ao contrário. O que é já não o é ou então deixou de o ser ou, ainda pior, deixou de existir. E fica um vazio no olhar. Fica um vazio num olhar que outrora fora preenchido de voz. Neste momento só resta um olhar mudo. E o tempo, o qual escasseia, passa indiferente a flores ou pedras no meu caminho. E as vontades doentias, preparadas para fugirem sem que demos conta. Preparadas para fugirem de nós arrastando consigo vales e sonhos do futuro. Futuro? O que nos trará, então, o futuro? Passaremos a ser somente ecos do que outrora a nossa alma produziu em ruído. Seremos meros ecos no silêncio, meros ecos secos e sequiosos, porque tudo isto faz parte da condição humana. Que, no mínimo, a vida nos deixe ficar como mais que uns meros ecos. Que a vida nos deixe ser mais do que uma mera lombada de um livro inacabado ou ainda por escrever. Que ela nos deixe ser o livro todo, com a capa e contra-capa para além da lombada. Com folhas onde nós deixamos escrito, revelado, o nosso percurso. Ah e, se não for pedir muito, que seja um livro ilustrado para que todos possam para sempre recordar e sentir e viver o que eu vivi só pelas imagens. Porque as minhas palavras poderão não ser as mais fáceis para vos deixar com um sabor, um cheiro, uma imagem de tudo o que a minha vida foi. Que não me deixem pousada nas prateleiras de uma estante qualquer. Que não me deixem ganhar teias ou pó. Quero ser lida. Quero que os outros vejam com os meus olhos. Porque os poetas não morrem? Gostava de ser poeta, então. Talvez assim ficasse mais do que apenas um mero eco meu. Talvez assim ficasse em livro. Mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words are frustrated. You know when we know that we can do the things better and our nervousness / tiredness makes us show exactly the opposite? I feel like that. I feel as if the silence of souls, of all shy and affable souls, had suddenly been broken in my mind. And now less is said and there's too much regrets. But just the fact of whining already produces an intense and big noise that my soul can unsettle my body. Perhaps
the calm is not calm but it's fatigue of paddling against the
current in this sea with no end in sight or of the suffer of those who
are about to give up and let drown itself by the sea waves. And
that's how we see our joy being diluted, our speech more or less
sweet is giving an arranged air to this rainbow of gloom. Why
there's so much dreams, why there's so much color, why there's so much pain and so much voice in all this sea... Why all of this and so much more if the whole world is upside down... What is today tomorrow isn't. It gets a blank look on my eyes. It left an empty space in a look that once was filled with voice. At the moment there is only a dumb look. And time, which is scarce, goes along his way without looking at flowers or stones in my path. It doesn't even care about. And the sick wills, prepared to flee without regard. Prepared to flee from us dragging valleys and dreams of the future. Future? What will the future bring? We will become just echoes of what was once noise in our soul. We will be mere echoes in the silence, mere dry and thirsty echoes, because this is all part of the human condition. At least, life in let us be more than mere echoes. That life let us be more than a mere bump of an unfinished book. That life let us be the entire book, with the cover and back cover beyond the bump. With sheets where we left written our route. Oh,
and if it isn't asking too much, that life let my book has pictures so everyone will remember
forever and feel and live what I lived only by looking at the images. Because my words may not be the easiest to let you be with a taste, a smell, a picture of what my life was. That life doesn't leave me (book) inn on the shelves of any bookcase. That life doesn't let me (book) have cobwebs or dust. I want to be read. I want others to see with my eyes. Why do poets never die? So, I would like to be a poet. Maybe I'll being a poet life let me be more than just a mere echo in this life without me. Maybe I'll life let me be a book. But these are already another kind of words. Ana Reis
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