Lorenzo Duran - Natureyarte |
As palavras soltas de hoje estão sentimentais. E, por esse mesmo motivo, irão falar-vos de sentimentos. Sou um ser tão repleto de sentimentos que, por vezes, convenço-me de que sou sentimental. Mas, por momentos, consigo ver que afinal tudo o que senti era pensamento e que não senti nada afinal. Se nos sentarmos um pouco a pensar conseguimos descobrir que uma parte da nossa vida é vivida, enquanto a outra parte é pensada. E descobrimos que, afinal, a única vida que nós temos é dividida entre a que realmente existe e a que existe erradamente. Qual delas é a que realmente existe? Perguntam-me vocês porque talvez vos tenha deixado confusos. E qual delas é a que existe erradamente? Não tenho nenhuma resposta convincente e penso que ninguém ma consiga dar. E, desta forma, vivemos a vida na metade que é vivida a pensar. E pensamos sem que os sentimentos nos interrompam o pensamento. Não podem interromper, até quando damos por nós a passear e a ouvir o sorriso das folhas à nossa passagem. Olhámo-las e elas olham-nos. E se eu as olho e elas me olham quem é que sorri primeiro? Serei eu ou serão elas? O primeiro a sorrir é aquele que primeiro ri. E, então, rimo-nos. E continuamos o caminho a rir, esquecendo-nos de que estávamos a pensar. E, então aqui, começamos a sentir. Rimos e, de repente, trocamos um olhar. Os nossos olhares cruzam-se para que não nos olhemos. Para que não consigamos ver por onde as folhas conseguem sorrir. E assim tudo é rir, olhar e disfarçar. Tudo é disfarçar. Mas se estamos a olhar com olhos de não ver, e estamos os dois a conversar aquilo que ficou por dizer, de repente, estamos novamente a pensar e, talvez, tudo aquilo que se passou afinal não aconteceu e foi fruto dos nossos pensamentos, ou terá sido dos nossos sentimentos? Ou será que aconteceu mesmo? Mas isso já são outras palavras soltas. Ana Reis
Lorenzo Duran - Natureyarte |
The words I write today are sentimental words. And because of it, I will write about feelings. I'm so full of feelings that sometimes I convince myself that I'm sentimental. But, just for a moment, I can see that all I felt was thinking and, in the end, I felt nothing at all. If we sit a little and think we can figure out that part of our life is lived, while another is thinked. And we found that, after all, the only life we have is divided between in what actually exists and in what mistakenly exists. Which one does actually exist? You can ask me because maybe I have left you confused. And which one does mistakenly exist? I'm sorry but I have no convincing answer for you and I think that anyone can give me one. And so we live our life the one that is lived halfway thinking. And we think without feelings interrupting our thoughts. It can't interrupt, even when we find ourselves walking and hearing the leaves smiling as we passed by. I looked at them and they look at me. And if I look at them and they look at me who smiles first? Am I or are they? The first smile is the one who laughs first. And then we laughed ourselves together. And I continue the path laughing and forgetting that I was thinking. And so I begin to feel. We laughed and suddenly exchanged a glance. Our eyes are crossed so we can't see each other. And consequently we can't see where how leaves can smile. And so everything is about to laugh, look and disguise. Everything is disguise. But while we look with eyes that can't see, and we're both talking about what was
unsaid, suddenly, we're back to thinking and perhaps everything that
happened hasn't happened and was the result of our thoughts or of our feelings? Or does it really happen? But it is already another kind of words. Ana Reis
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