As palavras soltas de hoje falam sobre peixes. E os peixes são nadadores exímios. E, para quem os quiser desafiar, fica um conselho: não desafiem! Os peixes sabem o que fazem porque desde sempre o fizeram. Sempre foram peixes. Sempre soltaram bolhas e nadaram contra correntes. Os peixes são atletas. E o mar transborda de peixes. A sua água é cega e surda. Toda a água assim o é. Às vezes, queima os dedos, fere os lábios, ... Às vezes, dilacera os olhos. E a água é uma casa e uma rede que não prende os peixes. Aliás, as suas largas malhas deixam passar o vento e as ondas que se apressam. O marulhar da noite traz consigo os peixes voadores. Os peixes já não dormem. Ritmo de peixe. E, alguns, acabam por apodrecer na areia da praia. Não fosse a vida de peixe isto. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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