As palavras soltas de hoje falam sobre a minha janela. Cai a noite. Todo os dias é uma noite diferente. Uma noite de segunda-feira. Uma noite de terça-feira. Uma noite de quarta-feira. ... Todas as noites são diferentes em data, dia, ... Cai a noite e eu abro a minha janela. Hoje está uma daquelas noites de verão em que só apetece ter as janelas abertas para colher um pedaço de brisa que possa existir. Os cortinados brancos, ainda com cheiro a amaciador, agitam-se levemente. A noite é pura porque surge sempre igual. E que bela noite para sentar-me na janela a olhar o céu estrelado. Suspiro. Admiro as estrelas e suspiro. O céu é infinito. E, sem dar conta, acho que foi uma questão de segundos, fico a sonhar. Um sonhar leve e belo. Penso em ti e neste amor que te pertence. Os meus olhos continuam fechados. Sonho. Deixo-me embalar pela elegia que a noite é. Uma elegia cantada com a alma. A lua redonda, branca, brilhante, dança num ritmo que não é o seu. As almas passam na noite calma. As almas passam e eu sinto, levemente, o seu passar. E a tua passou tão perto da minha boca. A tua passou tão perto do meu abraço. A tua alma passou naquele jeito só teu de passar. E a minha alma estremeceu. A minha alma esvoaçou para seguir a tua, como pétala de rosa segue a brisa que a beija. A tua alma passou e deixou no ar um ligeiro aroma a ti. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words talk about my window. Night falls. Every day is a different night. Monday night, Tuesday night, Wednesday night, ... Every night is different in date, in day, ... Night falls and I open my window. Today is one of those summer nights that all you want is to have all the windows open to pick up a bit of breeze that may exist. My white curtains that still have the smell of fabric softener flutter slightly. The night is pure because it is always the same. The same face. The same night as always. And what a beautiful night to sit in the window watching the starry sky. I sigh. I admire the stars and sigh. The sky is infinite. And without realizing it, I think it was a matter of seconds, I start dreaming. A light and beautiful dream. I think of you and about this love that belongs to you. My eyes are still closed. I dream. I let myself pack by the elegy that night is. An elegy sung with the soul. The big, white and bright moon dance in a rhythm that doesn't belong to her. The souls pass in the calm night. The souls pass and I feel, lightly, their passing. And yours passed so close to my mouth. Yours moved so close to my embrace. Your soul passed in a single mode. And my soul shuddered. My soul fluttered to follow yours as a rose petal follows the breeze that kisses her. Your soul passed and left in the air a slight smell of your perfume. Well, but these are already another kind of words. Ana Reis
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