As palavras soltas de hoje falam sobre o amor incondicional. Não sei porque morrem as mães. Mães não morrem porque o seu amor é infinito. O amor de mãe é luz que não apaga e é tempo sem horas. O amor de mãe é puro como a água da nascente. Morrer acontece. Mas o amor de mãe é eternidade. Conheço a tua força, mãe. Sei de cor as tuas fragilidades. És coragem. E coragem é em ti um talento inato. Estamos sempre de mãos dadas, mãe. Sabes que estou contigo todos os dias. Sabes que estou contigo nos teus sonhos. Estou contigo na tua simplicidade e na forma generosa como tratas toda a gente. Olho nos teus olhos e consigo ver a menina que, ainda, mora em ti. Aquela menina de cabelos loiros aos caracóis que sorria em todas as fotografias. E ficas tão bonita em todas as fotografias! Vejo nos teus olhos a mulher que sempre trabalhou. Que sempre arregaçou as mangas e agarrou tudo com a mesma força e vontade fosse de noite ou de dia. E, na tua pele um pouco enrugada, revelas as marcas deixadas por todos os problemas e aflições que enfrentaste. Nunca te perguntei como. Sempre te observei. Em todo o teu caminho houve uma força vertical que te erguia do chão em todos os momentos menos bons que já viveste. Talvez o alento da tua fé. O prodigioso alento que te foi dado ou herdado ou aprendido. Tu és amor, mãe! Todas as noites, antes de eu adormecer, sentavas-te junto a mim, na minha cama, e lias-me uma história. Todas as noites viajávamos juntas, montadas numa bicicleta de algodão doce, pela lua dentro. Mãe, lembras-te?! E se sonho hoje devo-o a ti! Tu ensinaste-me como fazer crescer as árvores ao contrário. Fizeste-me ver o Homem que vive na Lua. Disseste-me que o Charlot plantou couves na Lua e que crescem flores em Mercúrio. Quantas vezes pegaste-me ao colo quando caí e chorei. Quantas vezes pintaste a paisagem com cores diferentes. Apanhaste-me inúmeras vezes a "teatrar" as histórias que me contavas à noite. Vou contar-te um segredo, mãe: quando crescer quero ser mãe como tu! Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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