As palavras soltas de hoje voltam a falar de gente pequena. E eu gosto de gente pequena. Porque pintam e desenham sem usarem lápis ou caneta. Pintam e desenham com os dedos num vidro turbo da sua respiração. Gosto de gente pequena porque largam gargalhadas quando menos esperamos e nos fazem sorrir. Gente pequena. Gosto de gente pequena porque dão abraços que abraçam o coração. Gente pequena que me agarra a mão sempre que precisam de sentir segurança. Gosto de gente pequena porque os seus beijos, sejam repenicados ou molhados, nunca descolam da nossa face. Gente pequena com sorrisos gigantes, independentemente de terem ou não a dentição completa. Gosto de gente pequena que inventa palavras novas. Palavras novas que ganham vida nas suas pequenas bocas. Gosto de gente pequena que atira beijos com a mão. E são beijos que atingem longas distâncias e atravessam qualquer barreira geográfica ou física. E fazem crescer sorrisos e calor no coração de quem os recebe. Gosto de dormitar no colo de gente pequena e sentir a sua pequena mão a fazer-me festas, ou penteados, no meu cabelo. Adormeço. Gente pequena consegue embalar o meu coração. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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