As palavras soltas de hoje falam sobre o caminho. E podemos seguir pelo caminho mais longo. Podemos seguir pelo caminho mais longo se formos de mãos dadas. Vamos por aquele caminho forrado por pequenos tijolos amarelos. Desculpa, dourados! Aquele caminho onde as sombras não sabem onde moram. Os pássaros adormecidos do sol quente cantam o silêncio que se esconde quando as folhas secas rugem. Podemos seguir pelo caminho mais longo se formos de mãos dadas. E do nosso lado direito, junto ao muro caiado, aquele que vai desenhando as cuvas e contracurvas da estrada, vemos as árvores que dão fruto. Árvores transparentes, com folhas transparentes e frutos transparentes. E os seus ramos não dão sombra nenhuma. Umas vezes conduzes-me. Outras vezes sou eu quem te conduzo. Conduzimo-nos até junto daquela muralha em ruínas. Passamos no meio de todas aquelas ruas e vielas. As casas, direitas e brancas, mostram um pouco do que foi, em tempos, aquele lugar. Seguimos até encontrarmos o mar. Olhamos o céu. O céu tem outro azul quando estamos de mãos dadas. Olhamos o mar. Os peixes saltam ao sabor das ondas. São peixes amarelos. São peixes verdes. São peixes de muitas cores. E as águas cristalinas facilmente nos deixam vê-los no seu habitat natural. E de mãos dadas sinto a tua força. E de mãos dadas eu sei que também sentes a minha força. Somos bengala. Somos força. E, afinal, a falta de sombras não foi um obstáculo. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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