As palavras soltas de hoje falam sobre gritos. Xiuuu... Não digas nada. Não há maior suavidade do que não ter nada para dizer. Tudo se entende. Não são precisas palavras. Tudo metade. Tudo inteiro. Não digas nada. Deixa esquecer. Não digas nada. Ouve o sorriso audível das folhas. Escuta a brisa. Vamos jogar um jogo?! Vamos ver quem é o primeiro a sorrir?! Ri. Adoro o teu sorriso. Traz cheiro a flores na primavera e brilho do sol no verão. Sente o vento a tocar-te a nuca. Não são precisas palavras para nos entendermos. Os nossos olhares tocam-se. Falamos o que não se conversou. Não sabemos se é o início ou o fim. Falamos sem serem necessárias palavras. Não é o que há no coração que dói. São as formas sem forma. Algumas coisas passam sem que a dor as possa conhecer ou sonhar. Árvore que vai ficando sem folhas. Grito! Gritos! Deixemos de viver entre vestígios e brumas. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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