As palavras soltas de hoje falam sobre o Norte. As minhas palavras são assim. As minhas palavras são como a vida que vagueia. E a minha vida vagueia pelo mundo dos sonhos e pensamentos. E as minhas palavras vagueiam pelos caminhos do mundo. Ora por um mar de espuma, como barco que navega ao sabor do vento. Ora por um deserto que o simum veio visitar. Muitas vezes, com os pés dormentes, sem força para irem mais além neste imenso mar de areia. Muitas vezes, com os braços partidos do cansaço de remar contra a corrente. E a bússola da minha vida nem sempre indica o mesmo norte. "Segue-me!" E eu sigo os teus olhos doces. Estendo os meus braços. Segura de que seria bom que eu os ouvisse pedir-me para segui-los. O meu olhar guarda ironias e cansaços de guerras perdidas e esquecidas. Cruzo os braços. Tem dias em que a minha falta de vontade é a mesma com que rompi o ventre da minha mãe. Sigo os meus próprios passos. Tropeço nos meus próprios pés. Já não sei muito bem que norte é este. Escorrego nos becos lamacentos onde outrora havia um relvado verdejante salpicado de pequenas flores brancas. E arrasto os meus pés esfarrapados por ruas e vielas nunca antes descobertas, nem sequer desenhadas. Não existe um GPS que saiba o nome das ruas por onde vou. Desenho os meus próprios pés na areia de uma praia qualquer. Amo o longe e a miragem. Amo os abismos, os ventos, os mares e os desertos. Que ninguém me pergunte onde vou. Não sei. Esqueçam-me e deixem-me ficar com as minha palavras. Nem sempre é dia. Nem sempre é noite. O meu caminho não tem princípio nem fim. A minha vida é um vendaval que se soltou, é uma onda que se ergueu, é um átomo ... Não sei por onde vou. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words talk about the North. My words are what you can see. My words are like the life that walks around. And my life just walks in a world of dreams and thoughts. And my words walk on the paths of the world. They walk on a sea of foam, like a boat sailing in the wind. They walk on a desert that the simum came to visit. For so many times I've walked with numb feet without any strength to go further in this vast sea of sand. For so many times, with my arms tired of rowing against the current. And my life's compass doesn't always indicate the same north. "Follow me!" And I follow your sweet eyes. I extend my arms. Surely that it would be good for me to hear them asking me to follow them. My eyes keep ironies and weariness from lost and forgotten wars. I fold my arms. There are days when my lack of will is the same with which I broke my mother's womb. I follow my own steps. I stumble on my own feet. I no longer know very which north this is. I slip into the muddy alleys where once there was a green lawn dotted with small white flowers. And I drag my ragged feet through streets and alleys have never been discovered, not even drawn. There is no GPS that knows the name of these streets. I draw my own feet in the sand of any beach. I love the far and the mirage. I love the abysses, the winds, the seas and the deserts. Don't ask me where am I going to. I don't know. Forget me and let me stay with my words. It isn't always day. It isn't always night. My path has no beginning or ending. My life is a gale that blows, it is a wave that has risen, it is an atom ... I don't know where am I going. Well, but these are already another kind of words. Ana Reis
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