As palavras soltas de hoje falam sobre o que eu quero. E quero uma mão no ombro, um abraço apertado ou, quiçá, alguém que fique a meu lado. Alguém que fique ali, a meu lado. Os dois quietinhos a olhar o mar, num silêncio quase impenetrável, com as ondas do mar como música de fundo. Alguém para colher as minhas lágrimas. Colhê-las e plantá-las. E no dia seguinte colhemos sorrisos no nosso quintal. Um bom ouvinte e confidente. Um poço sem fundo. Um poço que não é frio nem vazio. Um poço que está cheio de palavras reconfortantes. Um poço cheio de palavras quentes. Um poço cheio de palavras e de expressões faciais que brincam e que me fazem sorrir. E quero alguém que ria comigo quando eu faço algo sem sentido. (E quantas coisas sem sentido eu faço diariamente!) Alguém que ria das nossas piadas sem piada nenhuma. Alguém que ria das nossas piadas sem graça nenhuma atém chorarmos de tanto rir. Alguém que me teça elogios, mentiras úteis mas com uma sinceridade inquestionável, quando me sinto a pessoa mais feia e insignificante do mundo. E preciso de alguém que ache os nossos dramas os maiores do mundo. E que terminemos o dia a concluir que, afinal, tudo passa. Estamos juntos. E quero alguém que me diga quando não devo falar e que evite um gesto inesperado e inconsciente que possa magoar alguém. Alguém que evite as catástrofes que a minha mente teima em não evitar. Alguém que me possa dizer o quanto eu estou errada mas que, mesmo assim, continua a meu lado. Alguém que me diga que eu merecia um puxão de orelhas mas que me faça ver o caminho certo e o porquê de eu estar no errado, sem magoar-me. Alguém que faça comigo as palavras cruzadas e que complete as minhas frases por já me conhecer tão bem. E quero alguém que dance comigo à chuva. Não importa se ficamos doentes. Vamos adoecer juntos e cuidar um do outro. Alguém que me dê beijos, de nforto, na testa sem estar a contar. E quero alguém que me diga todas as noites, antes de adormecer, e todas as manhãs, ao acordar, Amo-te. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
Comentários
Enviar um comentário