As palavras soltas de hoje falam sobre escrita. Sentada na minha própria pedra escrevo. Sem rosto, sem expressão. Nada em mim revela a minha identidade. Apenas a caneta me conhece plenamente, e tem dias em que não. A erosão dos dias foi apagando o que restava de mim. Foi apagando toda a minha identidade. Sou anónima. Nem eu sei bem se sei quem sou. Olhar vago, neutro, sem côr, cheiro ou sabor. Fito além do horizonte, muito para lá do infinito. Não há penumbra que não me deixe ver. E a minha sombra determina a minha estatura. Determina a minha altura. E o meu olhar... continua fixo no infinito. Muito para lá do infinito. À medida que escrevo a minha caneta vai lavrando as páginas, semeando palavras para mais tarde colher frutos. Isto se o Inverno não for demasiado rigoroso. Isto se os ventos permitirem. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words talk about writing. Sitting on my own stone I write.Without a face, without an expression. Nothing in me reveals my identity. Only the pen knows me fully, and there are days when it doesn't. The erosion of the days erases what is left of me. It is erasing my entire identity. I'm anonymous. I don't even know if I know who am I. Vague, neutral look, without any colour, smell or taste. I look beyond the horizon, far beyond the infinite. There is no dakness that won't let me see. And my shadow determines my stature. Determine my height. And my eyes ... are still fixed in the infinity. Far beyond the infinity. As I write my pen plows the pages, sowing words so I can later reap something. And I will reap something if winter allows. If the wind allows. Well, but these are already another kind of words. Ana Reis
Comentários
Enviar um comentário