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Palavras soltas (Daydreams/Devaneios)



As palavras soltas de hoje falam em devaneios. Deixa-me ser feliz. Nem que seja uma só vez. Nem que seja só desta vez, por favor, deixa-me ser feliz. Nada aconteceu. Não estou onde estou. Aliás,não estou em lugar nenhum. Sou feliz pelos quatro cantos do mundo. Sou feliz pelos quatro cantos do meu coração. E não há mais a fazer: sou feliz. Sou mais branca que o próprio algodão. Sou mais transparente que as águas cristalinas de um regato. Corro ao som do vento pelos prados verdejantes. Banho-me em águas cristalinas de pequenos regatos de água fresca. Toco o tronco das árvores. Sinto-lhes a pele rugosa. Ouço os pássaros que povoam os seus ramos. Olho as minhas mãos brancas da farinha que amassa o pão. Duras das pedras que ajudei a talhar. O vento sopra. O vento sopra e eu sento-me a ouvir aquela doce melodia. Música para o meu coração. Sou areia. Canto e sou canto. O mundo é, hoje, a minha casa. O mundo ocupa a minha alma. E deixa-me ser feliz. Feliz assim. Feliz porque sim. Porque respiro e tu respiras. Feliz porque toco o teu rosto e é como se tocasse o veludo do céu em todo o seu esplendor. Hoje deixa-me ser, somente, feliz. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis



Today my words speak about daydreams. Let me be happy. Just for once. Just this time let me be happy. Nothing happened. I'm not where I am. By the way, I'm nowhere. I'm happy around the four corners of the world. I'm happy around the four corners of my heart. And there is nothing more to do: I am happy. I'm whiter than cotton. I am more transparent than the clear waters of a stream. I run to the sound of the wind through the green meadows. I bathe in crystalline waters of small streams of fresh water. I touch the trunk of the trees. I feel their rough skin. I hear the birds that populate its branches. I look at my white hands from the flour that kneads the bread. Hard hands of the stones that I helped to carve. The wind blows. The wind blows and I sit listening to that sweet melody. Music to my heart. I'm sand. I sing and I am song. The world is my home today. The world occupies my soul. And let me be happy. Happy. Happy because I am happy. Because I breathe and you breathe. Happy because I touch your face and it is as if it touched the velvet of the sky in all its splendor. Today, just let me be happy. Well, bit this is already another kina of words. Ana Reis

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