Avançar para o conteúdo principal

Palavras soltas (17/11/2014 - Citadina/ City girl)





As palavras soltas de hoje estão citadinas. Na rua as estradas formam filas de espera para serem rasgadas a todo o gás por aqueles que nunca as cruzaram. As pessoas olham-se sem se verem e atravessam-se nos caminhos umas das outras como se fosse, sempre, a primeira vez. As crianças parecem formigas a caminho do formigueiro com as suas mochilas às costas carregadas de sonhos e de brincadeiras novas para jogarem nos intervalos. O padeiro traz o seu carro a rebentar pelas costuras de tanto pão que quer vender, como se fosse coisa fácil fazê-lo nos tempos que correm. Os lojistas começam a pôr em prática as novas técnicas de marketing para a época natalícia que se avizinha. Os mais velhos encostam-se junto ao café para contar e escutar novas histórias como se todos os dias houvesse uma novidade. Nos cafés é uma azafama para servir pequeno-almoços, almoços, lanches e cafés. E as pessoas amontoam-se junto dos balcões de atendimento dos bancos, finanças, correios, segurança social, centro de emprego, ... alguns, mais curiosos e distraídos, poderão pensar que alguém está a oferecer alguma coisa. Mas não. Com o cair da noite, noite essa que agora aparece mais cedo, as pessoas regressem todas a casa, abrigando-se do frio e da escuridão. Como se fossem hibernar por algumas horas. E hibernam. As lareiras acendem-se no interior das casas. O calor invade os corações dos que nelas habitam. E, na hora de dormir, mães aconchegam a roupa aos filhos. Pais lêem histórias de encantar às filhas. Outros contam histórias ao seu par. Outros, apenas, esperam de olhos abertos que o sono chegue. E lá fora o mundo não pára. Voltam as ruas a formar filas de espera para serem rasgadas a todo o gás por aqueles que nunca as cruzam. As pessoas olham-se sem se verem e atravessam-se nos caminhos umas das outras como se fosse, sempre, a primeira vez.  A noite dá novas formas aos carros, às casas, às pessoas, às estradas, ... A noite traz nova vida à cidade e a cidade nunca dorme porque é, diariamente, abordada por uma eterna insónia. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis




Today mywords feel like they're city girls. From my window I can see streets forming queues waiting to be cross at full speed for those who never crossed them. People look at each other without seeing each other although they cross paths from each other but it always seems to be the very first time they see each other. Children seem to be ants going into their nest with their backpacks full of dreams and new games to play at the interval. Baker brings his car plenty of bread that he wants to sell, as if it were an easy thing to do by these days. Retailers begin to implement the new marketing techniques for the holiday season ahead. The older people lean on the café wall to tell and hear new stories as if every day they have a new to tell or to hear. At cafés is such a comotion to serve breakfasts, lunches, snacks and coffees. And people pile up waiting for their turn at banks, finances, post office, social security, job center, ... some more curious and distracted, may think that someone is offering something inside of those buildings. But it isn't true. With the nightfall, that now appears earlier, people return home, sheltering from the darkness and from the cold, as if they hibernate for a few hours. And they hibernate. The fireplaces light up inside the houses. The heat invades the hearts of those who live there. And at bedtime, mothers snuggle clothes to their little boys. Fathers read stories to delight their little girls. Others tell stories to his pair (husband or wife or whatever). Others only expect with their eyes wide open that sleep comes. And outside the world doesn't stop. So the streets form queues to be cross at full speed for those who never crossed them. People look at eahc other without seeing each other although they cross paths from each other as it were, always, the first time. The night gives new faces to streets, cars, houses, people, ... The night brings new life to the city and the city never sleeps because it is daily approached by an eternal insomnia. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Velha que vivia num sapato (Versão portuguesa (portuguese version))

Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...

Palavras Soltas (01/04/2014 Dinâmica de grupo: O Abrigo Subterrâneo)

As palavras soltas de hoje vão falar de memórias. Hoje estive a arrumar o meu sótão, em todos os sentidos, e consegui encontrar as coisas mais maravilhosas por lá perdidas e, algumas, esquecidas. Vou tentar partilhar convosco algumas delas ao longo do tempo, pelo menos as mais relevantes e, de certa forma, engraçadas. A memória de hoje vai para o meu último ano de Licenciatura. Tinha uma disciplina com o nome Dinâmica de Grupos que era bastante interessante por interagíamos muito uns com os outros e tentávamos funcionar como um grupo. Acho que foi um bom trabalho para aprendermos a trabalhar em equipa. Se bem que na prática as coisas não são tal e qual a teoria. Um dos desafios que nos foram lançados ao longo do semestre foi a dinâmica: O Abrigo Subterrâneo. E vou lançar-vos o desafio também. "Imaginem que uma cidade no mundo está sob ameaça de ser bombardeada. Aproxima-se um homem de nós e solicita-nos que tomemos uma decisão imediata. Existe um abrigo subterrâneo que só pode...

Regressos / Returns

  As palavras soltas de hoje falam sobre regressos. Já há muito tempo que não as escrevo. E tanto tempo há que vocês não as leem. Por isso, hoje, resolvi escrevê-las. Estas pequenas palavras. Livres. Soltas. Tal como sempre vos habituei. E regressar traz sempre um sentimento agridoce. Tanto de excitação como de medo. As palavras soltas têm destas coisas. Sempre que escrevo deixo que seja o meu cérebro a comandar as minhas palavras. Ou serão as minhas palavras que controlam o cérebro?! Lidar com os pensamento enquanto escrevo é obrigatório. Não tenho escapatória possível. E, assim, regresso. Regresso ao meu mundo. Aquele mundo onde escrevo e desenho. Alio duas áreas da criatividade que sempre amei. E não me importo de viver aqui. Neste meu mundo de criatividade. Sinto-me abraçada sempre que o faço. Escrever. Desenhar. E regressar. Bem-vindas queridas palavras soltas! Que este seja um regresso para ficar. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Today's words will talk about ret...