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Palavras soltas (11/11/2014 - Descendência/ Offspring)



As palavras soltas de hoje sentem-se inspiradas mas com máscara. Com a quantidade de Legionella que anda no ar por causa dos noticiários não podem inspirar sem utilizar um filtro protetor. Existem pessoa que nos preenchem o coração em qualquer lugar. Porque cada lugar tem a sua terra. E cada terra tem o seu lugar. É verdade que na minha terra não há terra. E a terra que deveria haver transformou-se em ruas. Algumas alcatroadas. Outras mantêm, ainda, o tradicional paralelo. Talhado com martelo e cinzel. E os montes e serras também já não têm lugar na minha terra. Todos eles são agora prédios altos. Alguns arranha-céus. Outros sociais. Todos eles com rendas muito mais altas do que os próprios edifícios. Na minha terra já não se sente o cheiro adocicado das flores nem o cheiro fresco das árvores. Todas elas desapareceram. Todas elas são agora pedras amontoadas por alguém que criou um projeto dito artístico. Já não há jardins com grandes relvados. Já não há parques para correr e saltar. Mas temos pedras de betão e chão bem cimentado. Ah! E no verão, temos sempre os incendiários para ajudarem a indústria e a construção a eliminar árvores. Árvores essas que já são tão escassas e que demoram muito mais do que nove meses para voltar a nascer. Mas mesmo que o oxigénio seja escasso não há problemas. Podemos morrer com doenças pulmonares mas a cidade tem que continuar a crescer.  Na minha terra já não se ouvem cânticos nem chilreares naturais. Agora é tudo artificial ou de cativeiro. Já não se vêem as andorinhas a voar no céu na altura da primavera. A única música que se ouve é a que os galos e galinhas cantam nos seus capoeiros acompanhados pelo vento que sopra forte no inverno. Na minha terra ainda existem pessoas. Ainda existem algumas pessoas. Ok. Na minha terra ainda existem pessoas. Mas dessas pessoas contam-se pelos dedos aquelas que valem a pena que deixem descendentes. Bem, mas isto são outras palavras soltas. Ana Reis


Today my words feel inspired but with a mask. And they need to use a protective filter because of the amount of Legionella that news left in the air because. There are people who fill our hearts anywhere. Because every place has their land. And every land has its place. It is true that in my country there is no land. And the land have been turned into streets. Some have tar. Others still have the traditional parallel carved with a hammer and a chisel. And hills and mountains also no longer have a place in my country. Now they are all tall buildings. Some of them are towers. Others social housing buildings. All of them with much higher incomes than the buildings altitude is. At my country we no longer feel the sweet smell of flowers or the fresh smell of trees. They all disappeared. All of them are now stacked stones created by someone that called them an artistic project. There are no more gardens with large lawns. There are no more parks to run and jump. But we have concrete stones and well cemented floors. Oh! And in the summer, we always have the arsonists to help construction industry to eliminate trees. These trees that are already so scarce and that take much longer than nine months to born again. But even if we don't have any oxygen it doesn't really matters. We die with lung diseases but the city has to continue growing. In my country we no longer hear songs or natural tweets. Now it's all artificial or captivity. We can't see no longer swallows flying in the sky when it's spring time. The only music you hear is that that the roosters and hens sing in their chicken coop accompanied by the strong wind that blows in the winter. In my country still exists people. In my country still exits some people. Ok. In my country still exists people. But from these people we can count on our fingers those that can leave offspring. Well, but that others are single words. Ana Reis



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