As palavras soltas de hoje têm que dizer alguma coisa. Têm palavras por dizer e outras já ditas. A minha mente enche-se de pensamentos. Escavo a terra. A força da terra é tão real e pura. O cheiro da terra é tão intenso e tão próprio dela. Adoro a sensação de aspereza nas minhas mãos enquanto a tateio. Arenosa. Suja. Lamacenta. Terrena. E, com as minhas mãos sujas, ressuscito-me do interior do solo. Puxo-me do subsolo. E a luz exterior ofusca-me. Não me questiono de onde vim nem, muito menos, para onde vou. Eu não me pergunto porque as perguntas são meras palavras ordenadas que terminam num ponto de interrogação. Respiro. O ar rarefeito do subsolo torna-se insuportável. Irrespirável, por breves momentos. O ar do exterior é mais respirável. E respirável não significa que seja mais puro. Respirável significa que enche mais depressa os meus pulmões. Respiro e sorrio. A lua está a olhar para mim. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words have to say something. They have some words to say and others that have been already said. My mind is filled with thoughts. I dig the ground. The strength of the earth is so real and pure. The smell of the earth is so intense and so of its own. I love the feeling of roughness in my hand while I am feeling it. Sandy. Dirty. Muddy. Earthly. And, with my dirty hands, I reborn myself from the subsoil. I pull myself out of the underground. And the light that comes from outside dazzles me. I don't question myself about where I came from, nor about where I'm going to. I don't make any questions because questions are just ordered words that ends on a question mark. I breathe. The rarefied air of the subsoil becomes unbearable. Unbreathable. The outside air is more breathable. And Breathable doesn't make it purer. Breathable means that it quickly fills my lungs. I breathe and smile. The moon is looking at me. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis
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