Avançar para o conteúdo principal

Palavras soltas (12/02/2014Palavras voláteis)


Hoje vou escrever algumas palavras soltas. Palavras que falam por si. Soltas porque não têm cordéis a prendê-las, tal qual marioneta. Às vezes voam. Voam como se quisessem fugir da folha de papel ou do computador. E fogem. Muitas vezes tento amarrá-las. E amarro-as. As palavras também precisam de voar. Voam de boca em boca. Voam de geração em geração. As palavras são libertinas. Algumas mais do que outras. Quando mostram-se tímidas organizam-se e compõem um turbilhão de palavras. Um furacão delas. E todas misturam-se quase formando uma palavra só. Mas também é preciso prendê-las. Prendê-las para que possam soltar-se. Um livro é um conjunto de palavras que voam. E que belo vôo esse! Voam e colam-se na primeira mente preparada para as receber. E ficam presas. O intelecto fica preenchido com esta riqueza de palavras.  E elas gostam de voar assim. Gostam de tamanha licenciosidade. Mas é uma licensiosidade infantil. Voar de mente em mente. Sem qualquer maldade. Sem nunca ter um dono mas tendo já muitos.  Elas são assim. O seu criador é que lhes dá asas. E não podemos mudar o que nasceu para não ser mudado. Ou podemos. Podemos tentar. E, por vezes, conseguimos. E que grande vitória essa. Mas algumas palavras são voláteis. Embora as que não o são, são as que deveriam ser. Mas isso já são outras palavras soltas.
Ana Reis


"Today I will write a few single words. Words that speak for themselves. Why that?! Because they have no strings to hold them, like a puppet. Sometimes they can fly. Fly as if they were trying to escape from a sheet of paper or from a computer. And they fly. I often try to tie them. And I tie them. The words also need to fly. Flying from mouth to mouth. Flying from generation to generation. Words are libertines. Some more than others. When they show up shy they organize themselves and turn into a whirlwind of words. A hurricane of them. And they blend almost forming a single word. But you also need to hold them. Hold them so they can one day fly again. A book is a set of flying words. And what a beautiful flight it is! They fly and stick on the first mind prepared to receive them. And so they get stuck. And the richness of words fills the intellect. And they like this kind of flights. Like a fool. But it is a child folly. Fly from mind to mind. Without any wickedness. They don't have an owner however they have already many. But this is what they are. Its creator is giving them wings. And we can't change what were born to don't be changed. Or we can. We can try. And sometimes we can. And that's a great victory. But some words are volatile. Although they aren't as they should be. But it is already another kind of other words." Ana Reis

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Velha que vivia num sapato (Versão portuguesa (portuguese version))

Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...

Palavras Soltas (01/04/2014 Dinâmica de grupo: O Abrigo Subterrâneo)

As palavras soltas de hoje vão falar de memórias. Hoje estive a arrumar o meu sótão, em todos os sentidos, e consegui encontrar as coisas mais maravilhosas por lá perdidas e, algumas, esquecidas. Vou tentar partilhar convosco algumas delas ao longo do tempo, pelo menos as mais relevantes e, de certa forma, engraçadas. A memória de hoje vai para o meu último ano de Licenciatura. Tinha uma disciplina com o nome Dinâmica de Grupos que era bastante interessante por interagíamos muito uns com os outros e tentávamos funcionar como um grupo. Acho que foi um bom trabalho para aprendermos a trabalhar em equipa. Se bem que na prática as coisas não são tal e qual a teoria. Um dos desafios que nos foram lançados ao longo do semestre foi a dinâmica: O Abrigo Subterrâneo. E vou lançar-vos o desafio também. "Imaginem que uma cidade no mundo está sob ameaça de ser bombardeada. Aproxima-se um homem de nós e solicita-nos que tomemos uma decisão imediata. Existe um abrigo subterrâneo que só pode...

Regressos / Returns

  As palavras soltas de hoje falam sobre regressos. Já há muito tempo que não as escrevo. E tanto tempo há que vocês não as leem. Por isso, hoje, resolvi escrevê-las. Estas pequenas palavras. Livres. Soltas. Tal como sempre vos habituei. E regressar traz sempre um sentimento agridoce. Tanto de excitação como de medo. As palavras soltas têm destas coisas. Sempre que escrevo deixo que seja o meu cérebro a comandar as minhas palavras. Ou serão as minhas palavras que controlam o cérebro?! Lidar com os pensamento enquanto escrevo é obrigatório. Não tenho escapatória possível. E, assim, regresso. Regresso ao meu mundo. Aquele mundo onde escrevo e desenho. Alio duas áreas da criatividade que sempre amei. E não me importo de viver aqui. Neste meu mundo de criatividade. Sinto-me abraçada sempre que o faço. Escrever. Desenhar. E regressar. Bem-vindas queridas palavras soltas! Que este seja um regresso para ficar. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Today's words will talk about ret...