As palavras soltas de hoje estão orgânicas. Orgânicas porque vêm de órgãos. Vêm de órgãos e de sentimentos. E alguns desses sentimentos começam na minha pele. Começam na minha pele macia, a qual está a perder a sua firmeza natural e se vai enrugando com o decorrer da vida. E é nesta minha pele que a nossa história de amor começa com o atravessar discreto do vento na minha cintura. Foi como se te sentisse tão perto e, ao mesmo tempo tão distante. Em segredo lanço-te um olhar tímido. Não foi suficiente. Então aproveito para te bombardear com um mar de olhares tímidos e inocentes porque, neste preciso momento, só estamos tu e eu, só existimos eu e tu. E olho-te. Invado o teu espaço. Sorvo o ar que te toca sedenta do teu ser tão admirável. Quero ser o teu olhar, o teu tão doce e acetinado olhar. Quero ser as tuas mãos aveludadas. Quero ser a tua boca que só diz coisas maravilhosas. Os meus olhos emocionam-se só de te olhar. Os meu olhos emocionam-se só de contemplar tal beleza rara. Emociono-me. E é assim que me conquistas de forma inocente e inconsciente. Agora estamos com os nossos olhares completamente encaixados. As nossas almas estão entrelaçadas. Os nossos sorrisos beijam-se. Somos todo um ser perfeito sem darmos conta disso. Ou melhor, sem darmos conta da presença do resto do mundo, o qual não se apercebe do nosso enlace platónico. Sentimo-nos como se nos estivéssemos a despir um ao outro sem nos tocarmos. Atiramos as calças para cima da mesa. As camisolas estão perdidas algures no meio no chão por onde as outras pessoas continuam a passar. Os sapatos já nem os vemos. Ups! A camisa foi parar à cabeça de alguém que nem deu por isso. Devoramo-nos mutuamente até não restar mais nada de nós. A energia gerada é de tal forma grande que saem faíscas. Depois de toda a ação os nossos olhares ficam cintilantes e as nossas bocas ganham sorrisos rasgados. Começamos a voltar ao normal. A respiração volta a estabilizar. E é nesse momento que nos abraçamos e adormecemos calmamente um ao lado do outro. E é assim o amor para algumas pessoas. Bem, mas isto são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words are organic. They are organic because they're going to talk about organic bodies. Bodies and feelings. And some of these feelings start on my skin. They start on my soft skin, which is losing its natural firmness and is wrinkling throughout life. And it is in my skin that our love story begins with the discrete wind that crosses my waist. It was as if I feel you so close and so far. Secretly I sent to you a shy look. It wasn't enough. And so I bombard you with a sea of shy and innocent looks because, right now, there are just you and me, and only you and I exist. And I look at you. I invade your space. I sip the air that touches you. I'm thirsty of your admirable being. I want to be your look, your so sweet and satiny look. I want to be your velvety hands. I want to be your lips that says wonderful things. My eyes start crying just to look at you. My eyes start crying just because they contemplate such rare beauty. And I get emotional. And so you capture me with an innocent and unconscious form. Now we have our eyes fully mated. Our souls are intertwined. Our smiles are kissing each other. We are an all perfect being without realizing it. Or rather, without realizing the presence of the rest of the world, who are unaware of our platonic bond. We feel like we're undressing each other without touching. We threw the pants to the table. The shirts are lost somewhere in the middle of the floor where other people continue to walking. The shoes we can't see them anymore. Ooops! The shirt was flying into the head of someone who hasn't noticed it. We swallowed each other until there's nothing left of us. The generated energy is so large that some sparks are coming out. After all the action our eyes are twinkling and our mouths turn into smiles. And we return to normal. Breathing is stabilize. And that's when we hugged and fell asleep quietly one side to the other. And so this is love for some people. Well, but this is another kind of words. Ana Reis
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