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Palavras soltas (25/09/2014 - Maternidade/ Maternity)




As palavras soltas de hoje estão parteiras. Parteiras como todas aquelas enfermeiras que vemos a correr de um lado para o outro nos corredores de uma maternidade qualquer. Contar as contrações a todos os instantes. E a ansiedade a crescer e o nervoso miudinho a aumentar. E as contrações a acelerar o seu ritmo e a sua intensidade. Aiiiiiiiiiiii! As dores a aumentarem proporcionais ao aumento das contrações. Empurrar a maca através dos corredores e gritar! "Saiam da frente que vem um bebé a caminho!" E toda a gente arruma-se mais ou menos de forma ordeira por aqueles longos e brancos corredores deixando passar o rei ou a rainha que vai ver, pela primeira vez, o mundo com os seus próprios olhos. A sala de partos não fica muito mais longe. A correr, atrás de toda esta confusão, vem o pai. Vem o pai e mais uns quantos familiares, amigos ou conhecidos. Até alguns desconhecidos começam a fazer parte deste nascimento. Que momento memorável. Tento não me desconcentrar com tudo o que vai acontecendo à nossa volta. Chegamos, finalmente, à entrada da sala. Entramos depressa, deixando para trás toda aquela confusão e toda aquela multidão. Aperto a mão da mãe. "Força!" Cá fora um cordão humano de energias positivas abraça aquele momento. Toda a gente concentra-se com a mesma vontade de que corra tudo bem. O médico chega e prepara tudo. É melhor nascer de cesariana porque o bebé pode estar em sofrimento e, assim, não se corre nenhum risco de o sufocar no cordão umbilical. Anestesiamos a mãe para que não sinta nenhuma dor. Epidural. E já não sente dores. O médico inicia a cirurgia. E, passados alguns minutos, ouve-se o choro do bebé. Que maravilhosa melodia para os nossos ouvidos. Podíamos estar a ouvir Bach, Mozart, ... uma infinidade de compositores maravilhosos mas, numa maternidade, não há melhor sinfonia do que o choro de um bebé que acabou de nascer. A mãe vê o bebé e sorri. Pouco depois está a dormir. Que canseira esta de ser parteira. Mas a minha maternidade é de sentimentos. É urgente fazer nascer mais amor, mais paz, mais alegria, mais amizade, mais generosidade, mais bondade, mais carinho, mais companheirismo, mais igualdade, mais ternura, mais fraternidade, mais honestidade, mais educação, mais generosidade, mais compaixão, ... e muitos outros mais. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis





Today my words are midwives. All those nurses and midwives that we can see running from one side to the other in the corridors of any hospital. Counting contractions at every moment. And anxiety grows and everyone is feeling nervous. And the contractions speed up its pace and intensity. Aiiiiiiiiiiii! Pain starts to increase proportional to the increase of contractions. Push the stretcher through the corridors and I scream! "Get out of the way because here comes a baby on the way!" And everyone gets their position more or less orderly in those long white corridors while is passing up the king or the queen that will see, for the first time, the world with their own eyes. The surgery room is not much further. And behind all this confusion comes the father. Comes the father and a few family members, friends. Even some strangers become part of this birth. What a memorable moment. I try not to get lost in  all that is happening around us. And we finally reach the entrance of the room. We enter quickly, leaving behind all the confusion and all that crowd. I squeeze mother's hand. "It's all going to be ok!" Outside a human cordon charged with positive energies embraces that moment. Everyone focuses with the same ease that everything will be alright at the end. The doctor arrives and prepares everything. It is better to be born by cesarean because the baby may be in distress and thus we don't have any risk of he choke in the umbilical cord. The mother is anesthetized so she can't feel pain anymore. Epidural. And she no longer feel pain. The doctor begins the surgery. And after a few minutes, we can hear the baby crying. What a wonderful melody to our ears. We could be listening to Bach, Mozart, ... a plethora of wonderful composers but at maternity there's no better symphony than a crying baby that was just born. The mother sees the baby and smiled. Shortly  she is sleeping. What a weariness is being a midwife. But my materninty is all about giving birth feelings. It is urgent to give birth more love, more peace, more joy, more friendship, more generosity, more kindness, more caring, more companionship, more equality, more tenderness, more fellowship, more honesty, more education, more compassion. .. and many more. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis

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