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Palavras soltas (Verão de 2001 - NO CHÃO DO MEU QUARTO/ON MY BEDROOM FLOOR)





As palavras soltas de hoje querem partilhar convosco um texto antigo. Um texto do tempo em que as palavras soltas eram mais selvagens, com os sentimentos à flor da pele. E tiveram direito ao terceiro lugar ex-aequo no concurso literário no ano de 2001-2002. 

NO CHÃO DO MEU QUARTO
... no chão do meu quarto
Encontrei uma pena caída no chão do meu quarto

Não sei porquê mas, ultimamente, tenho andado inclinada para as "filosofias".
A filosofia da vida... a filosofia dos filósofos...
Tantas filosofias e nem sei para qual delas me encontro mais inclinada.
Talvez para uma filosofia inventada agora por mim: a filosofia do coração!
Bem, se o meu pai estivesse aqui agora, arriscar-me-ia a ouvir algo como
"Isso é para cardiologistas!", e a minha mãe indicaria logo um número de especialistas do coração, "doutores do coração" como eu lhes chamo!
Acho que já perceberam quão difícil é explicar esta filosofia do coração a outro alguém que não sejam vocês!

Hoje encontrei uma pena caída no chão do meu quarto.

Porque será tão difícil fazermo-nos entender?
Tenho tido cada desilusão e, mesmo que explique que é esse o motivo da minha dor no coração, ninguém percebe!
Dizem-me que deve ser alguma doença nova!
Dou-lhes mais uma prova do que me sufoca e eles nem tentam perceber!
Talvez se eu estivesse a morrer...
Bem, mesmo assim talvez não, talvez não descobrissem que o mal do meu coração tem a ver com a filosofia.

Hoje encontrei uma pena caída no chão do meu quarto.

E, se porventura lhes falo em Anjos, Anjos que trazem a brisa suave do Estio, mandam-me falar com outro especialista, um meteorologista!
Porque não acreditam no que eu digo?
E, se por acaso, lhes consigo captar a atenção, logo vêm com um sermão sobre a guerra no Afeganistão, sobre os "Bin Laden" da sociedade e da religião.
Porque não me ouvem?

Hoje encontrei uma pena caída no chão do meu quarto.

Falo-lhes de quanto dói ter saudades e viver na solidão e eles dizem que isso são males do coração. 
E, quando por fim parecem estar a entender-me, voltam ao "doutor do coração" e, em grande confusão, perguntam-me se não tenho mais nada para fazer!
Precisarei de gritar para que me ouçam?
GRITO!
Grito tanto que com dores na garganta fico!
Olham para mim, chamam-me doida e ligam a uma psicóloga para ao meu mal darem um fim!

Hoje encontrei uma pena caída no chão do meu quarto.
A pena de um Anjo caído que à noite veio tirar-me deste castigo!
Veio curar o meu coração deste sufoco que quase me deixa sem respiração.
Afinal os Anjos existem!
E hoje, encontrei uma pena caída no chão do meu quarto! 
Uma pena... no chão do meu quarto!
 

Bem, espero que tenham gostado mas isso, afinal, já são outras palavras soltas! Ana Reis



Today my words want to share with you an ancient text. A text from the time in which my words were more wild, with feelings to the surface. And I received the third ex-aequo place in a literary contest in the year of 2001 to 2002.  
ON MY BEDROOM  FLOOR

... On my bedroom floor
I found a fallen feather on my bedroom floor.
 
I don't know why but lately I've been thinking about "philosophies".
The philosophy of life ... the philosophy of the philosophers ...
There's so many philosophies that I don't know to which one I am thinking of.
Maybe I'm thinking about a philosophy invented by me: the philosophy of the heart!
Well, if my dad were here now, I would venture to hear something like:
"This is for cardiologists!" And my mother immediately indicate a number of experts from the heart, "Heart Doctors" as I call them!
I think you have already understand how difficult it is to explain this philosophy of heart to someone else!
 

Today I found a fallen feather on my bedroom floor.

Why is so hard to make others understand our thoughts?
I have had so many disappointments and even I try to explain that this is the reason for my heartache, no one understand it!
They tell me that my problem must be some new disease!
I give them one more proof of what suffocates me and they don't try to understand!
Perhaps if I were dying ...
Well, maybe it will be the same, maybe they will not discover that the disease in my heart is related with philosophy.
 

Today I found a fallen feather on my bedroom floor.

And if perhaps I speak to them about Angels, Angels that bring the soft breeze of Summertime, they tell me to talk to another expert, a meteorologist!
Why don't they believe in what I'm trying to say?
And if I am lucky and I catch their attention, soon they start giving me a sermon about the war in Afghanistan, about the "Bin Laden" of society and religion...
Why don't they listen to me?
 

Today I found a fallen feather on my bedroom floor.

I talk to them about how much it hurts missing something or someone and live in solitude and they say it is a heart disease.
And when they finally seem to understand me, they start again talking about the "heart doctor" and in the middle of a great confusion they ask me if I have nothing else to do!
Do I need to scream?
I SHOUT!
I shout so loud that I feel pain in my throat!
They look at me and call me crazy and they call to a psychologist to cure my ill!

Today I found a fallen feather on my bedroom floor.
The worth of a Fallen Angel that came at night to take me away from this punishment!
That came to heal my heart from this choke that almost makes me breathless.
And so Angels do exist!

 
And today, I found a fallen feather on my bedroom floor!
A feather ... on my bedroom floor!

Well, I hope you enjoyed it but, after all, these are already another kind of words! Ana Reis

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