As palavras soltas de hoje falam sobre cachecóis. Não há nada como o aconchego de um cachecol no pescoço num dia gelado de inverno. Sentir o calor de um têxtil feito em algodão ou em lã. Da hipoalergénica, por favor. E que não pique. Detesto a textura agressiva que me causa comichão na face ou no corpo. Mas adoro o aconchego de um cachecol quente no meu pescoço no inverno. É como se continuasse perdida no aconchego das minhas almofadas. É como se continuasse no meu ninho. Aconchego. Coração quente. Deixo que os meus lábio escorreguem e se escondam atrás do meu cachecol. Toda eu passo a ser olhos e sobrancelhas. E fios de cabelo esvoaçantes. Muito esvoaçantes. Aconchego. Eu sou a pessoa que gosta de um cachecol a abraçar-lhe o pescoço e a sussurrar-lhe ao ouvido palavras doces de conforto. Gosto de sentir o cheiro do meu perfume nele. E ficar a pensar que não tinha noção do seu cheiro ser tão bom. Usá-lo para esconder um sorriso mais tímido ou então para dar ênfase a uma gargalhada. Aconchego. E já não se trata de uma questão estética. Pouco importa a estética quando eu posso ter todo o aconchego do mundo. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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