As palavras soltas de hoje falam sobre cães. Lembro-me de te pegar ao colo pela primeira vez. Tu pequena e com medo. Eu maior mas com muito mais medo do que tu. Lembro-me de te dar um beijo e de deixar cair uma lágrima pela minha face. Ainda não éramos uma. Mas já me pertencias. Foi amor à primeira vista. Hoje bateu-me no peito aquela saudade. Companheira nas horas vagas. Companheira em todas as horas. Não falavas mas não era preciso. Éramos uma. Se chorava, e quantas vezes me viste chorar, tu estavas a meu lado a fazer alguma coisa tola para me fazeres rir. E, por mais que eu teimasse em chorar, tu conseguias sempre arrancar um sorriso dos meus lábios. Tenho saudades de chamar por ti. E de adormecer e sonhar com todas as mil e uma brincadeiras novas que eu tinha inventado para partilharmos. Como é possível gostar tanto de "alguém" como nós gostávamos uma da outra. Foi contigo que aprendi o que é confiar. E eu confiava-te todos os meus segredos. E tu confiavas em mim a tua vida. E hoje, se choro, sou eu que tento fazer algo bem tolo só para me fazer rir. Foi uma das coisas que também aprendi contigo. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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