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Palavras soltas (11/03/2014 "mé-mé-muuu" "baa-baa-moo")

As palavras soltas de hoje têm para vos contar um episódio engraçado. Poderia usar até outro tipo de palavras mas estas chegam até vós muito mais depressa. E acho que já não consigo escrever de outra forma. Por vezes criámos hábitos dos quais é complicado desligarmo-nos. E este é um dos meus hábitos. O outro é o que convosco já partilhei. Não sei se ainda se recordam. É o de observar o que se passa à minha volta. E hoje voltei a fazê-lo e a ficar encantada com isso. Estava às compras numa superfície comercial de nome conhecido quando resolvi ir tirar a senha para a peixaria. Estava mesmo com muita pressa, pois não tinha a certeza de ter fechado as janelas de casa antes de sair. Como anda a minha cabeça! Não tinha mesmo noção nenhuma! Como não aguentava mais a ansiedade a correr-me nas veias, resolvi arrancar para ir num saltinho a casa verificar se tinha ou não fechado todas as janelas. Não sei se acontece o mesmo convosco, mas este bom tempo obriga-me a abrir todas as janelas de casa diariamente! Sabe tão bem deixar este clima primaveril entrar-nos pela nossa casa! Eu adoro! Como vi que estava tudo bem fechado passei por casa, mas nem entrei, e voltei novamente à superfície comercial. Por mais inacreditável que pareça, quando lá cheguei ainda não tinha passado e, muito menos, chegado a minha vez. Ainda estive uns 10 minutos à espera até ser atendida só para pedir umas postas de salmão. Acho que havia uma promoção qualquer no peixe e estava imensa gente lá. Mas o salmão estava ao mesmo preço. E até tinha uma placa que enganava toda a gente que por lá passava. Todos os que a viam diziam: "Olha o salmão a 5,99euros. Que barato está!" E eu lá rectificava: "Esse é o preço dos rabos de salmão!" E as pessoas seguiam o seu caminho desanimadas. Realmente era um preço muito melhor para as postas do que para os rabos de salmão mas não era o que estava a ser praticado hoje. Entretanto também tirei a senha do talho para comprar uns bifes de Alcatra. Nesses 10 minutos, por entre perguntas sobre o preço do salmão e caminhadas até ao talho para ver se a minha vez chegava, encontrei um avô a passear o seu neto. Deviam estar à espera da avó que estaria, possívelmente, perdida na fila da peixaria. No meio do corredor que liga o talho à peixaria tem lá um expositor de uma marca de chocolates igualmente conhecida, o qual tem a cabeça de uma vaca bem saliente. E numa das vezes em que eu repeti o trajecto peixaria-talho cruzei-me com o avô e o seu neto. O menino passou junto da cabeça da vaca e tocou-lhe. E depois disse: "Oh vu, mé-mé!" E o avô sorriu para mim e corrigiu-o: "Não é um mé-mé. É um muuu!" E o menino disse todo feliz: "Muuu! Mé-mé-muuuu!" E eu e o avô entreolhámo-nos e sorrimos. Enquanto voltei novamente à peixaria lembrei-me que podia levar uns cubos de tamboril. E quando andava à procura de tamboril aos cubos congelado voltei a cruzar-me com o avô e seu neto mas desta vez uma senhora começou a falar com o menino. "Ai que lindo que tu és, mor. Tu cortaste o cabelo! E fica-te mesmo muito bem!" Ao que o menino, muito depressa, respondeu: "Mé-mé-muuuu! Mé-mé-muuuu!" E a senhora desistiu de conversar com ele porque não conseguia entender aquela conversa. E eu e o avô voltámos a entreolharmo-nos e sorrimos. Os outros podiam não saber mas eu e ele sabíamos e entendíamos. E, finalmente, fui atendida na peixaria. Que alegria! Mas não encontrei os cubos de tamboril,infelizmente. E questiono-me porque não fazem os outros um esforço para tentar entender algumas coisas que as crianças nos tentam dizer? Ou simplesmente tentam ter um pouco mais de paciência para elas? Elas nem sempre sabem exprimir-se de forma fácil mas no final têm sempre algo muito bom, importante ou muito engraçado para nos dizer. E valerá a pena perder isso? Eu acho que não. Mas isso já são outras palavras soltas.

Ana Reis


"Today the words I write it's to tell you a funny episode. I know I could use another kind of words but these can get to you much faster. And I think that I can't write in another way. Sometimes we created habits of which is complicated to detach from us. And this is one of my habits. The other is what I've already shared with you. I don't know if you still remember. It is to observe what is happening around me. And today I did it and what a wonderfull thing I did. I was shopping in a shopping center when I decided to get the ticket for the fishmonger. I was just in a hurry because I wasn't sure if I have closed the windows before leaving home. I must be crazy! I couldn't stand the anxiety that was running through my veins, so I decided to quickly went home for checking if I had or not closed all the windows. I don't know if you feel the same, but this spring weather forces me to open all the windows at home daily! It feels so good to let in this spring-like weather! I love it! When I saw that everything was well done I just passed though home but I didn't enter, and returned again to the shopping center. As unbelievable as it sounds, when I got there I saw that it hadn't passed my turn and much less gotten my turn. I was about 10 minutes waiting to be served, only to ask a few slices of salmon. I think there was a promotion in some fishes and lots of people were there. But the salmon was at the same price. And even had a sign that deceived everyone who passed there. Who saw it said: " Look salmon to 5.99 euros. That is cheap." And I rectified: "That's the price of salmon tails!" And people followed his path discouraged. It was really a much better price for folded than for the tails of salmon but it was not what was being practiced today. However I also took the ticket from the butcher to buy some rump steaks. In those 10 minutes, amid questions about the price of salmon and walks to the butcher to see if my turn came, I found a grandfather with his grandson walking. They must be waiting for the grandmother who was, arguably, lost in the queue of fishmonger. In the middle of the hallway that connects the butcher to fishmonger there has a display of a chocolate, also known , which has a protruding cow head. And one of the times I repeated the journey fishmonger-butcher I saw grandfather and his grandson. The boy touched the cow head and then said: "Oh grand, baa-baa!" And the grandfather smiled and corrected him: "It's not a baa-baa! It's a moo-moo!" And the little boy said happily: "Moo! Baa-baa-moo!" And I and the grandfather looked at each other and smiled. While I returned again to the fishmonger I remembered I could take a few cubes of monkfish. And when I was looking for the frozen cubes of monkfish I crossed again with the grandfather and his grandson but this time a lady started talking to the little boy: "Oh, how beautiful you are, sweet. You've cut your hair! And it suits you really well!" And the little boy, too quickly replied her: "Baa-baa-moo! Baa-baa-moo!" And she quit talking to him because she couldn't understand what he was talking about. And I and grandpa looked again at each other and smiled. Others didn't know but he and I knew and understood. And finally, they called my number at the fishmonger. What a joy! But I didn't find the cubes of monkfish, unfortunately. And I wonder why others don't do an effort to try to understand some things that children try to tell us? Or just try to have a little more patience for them? Not always they express themselves easily but in the end they always have something very good, very important or funny to say. And is it worth losing that? I don't think so. But it is already another kind of words."Ana Reis

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