As palavras soltas de hoje não falam de amor. Este não é um texto sobre amor. Sobre o teu amor que é sempre tão meigo, tão terno, tão teu... Sobre o teu amor que é um presente diário, esculpido em pedra dura na perfeição. E ofereço-te este texto, mesmo não sendo ele sobre amor. Ofereço-to como se oferece um presente aos teus momentos de luta, de brisa, de céu, de mar... E eu. Ofereço-te este texto sem ter uma bandeja de ouro ou de prata. Ofereço-te este texto numa cesta de verga com flores do campo a perfumar. Ou com conchas e búzios do mar. E um cheiro a mar. Um cheiro intenso e imenso a mar. Talvez tu possas entender o meu amor. E, caso não o entendas, deixo-o tatuado nestas linhas e entrelinhas. Deixo-o desenhado nestes espaços com vírgulas, reticências e pontos finais. Desculpa não ter muito jeito para as palavras. Desculpa ter muito menos jeito para os gestos. E, como este não é um texto sobre amor, não tenho muito mais para te dizer. Vive e sê feliz. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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