Avançar para o conteúdo principal

Palavras soltas (04/07/2014 - Morrer de amor/ Die of love)


Rosa de pano. Fotografia de Ana Reis.


As palavras soltas de hoje estão amorosas. Amorosas porque vos querem falar de amor. ... Ah o amor! Esse sentimento vagabundo que vai vagueando de esquina em esquina pedindo esmola. Hoje contaram-me que alguém rejeitou uma chamada do Amor. Do amor não se rejeitam chamadas! Do amor atendem-se todas as chamadas e retribui-se com mais amor. Amor com Amor se paga! A ausência de amor nos nossos corações é incrível! Por vezes tentamos entrar no coração de alguém mas a porta não se abre. Parece que as pessoas gelaram ou, então, com muita tristeza minha, deixaram de acreditar no amor. Algumas até desligam as chamadas do amor! E tu, amor, que tantos corações ensombras. Quantos mais irás, ainda, pelo teu caminho, ensombrar? Lanças uma espécie de alquimia criada, em tempos, pelos magos do amor. Lanças... e escondes-te! Lanças e... foges! Entranhas-te nas minhas veias e percorres todo o meu corpo! Invades cada espaço, desde o meu cérebro até à mais pequena célula, como se fosses uma bomba atómica feita de feromonas e de alguns neurónios perdidos pelo meio. Tudo isto só para que eu não consiga esquecer-te, amor, nunca! Todos nós passamos por isto porque o amor é, tal como já disse, vagabundo. Vai vagueando e batendo de porta em porta a pedir esmola. É um mendigo dissimulado. Diz querer o que na verdade não quer. Diz ser o que na verdade não é. E vai invadindo, assim, aos poucos, o nosso corpo. Aceleras-me o coração. Penso que é uma arritmia mas não, és tu amor! És tu que fazes bater o meu coração como se estivesse a correr contra o tempo, ou numa competição de corrida de contra-relógio. E que perigo este de sentir o coração a querer saltar do peito! Fazes com que fique sem chão debaixo dos meus pés, deixando-me num precipício sem fim à vista. Acho que é aqui que o medo me invade. Caso pares de fazer o meu coração bater assim, posso cair num abismo sem fim e por ali ficar. Sem ninguém saber muito bem onde me encontrar. És o culpado de todas estas sensações e emoções que se misturam numa agitação febril. Sinto-me adoecer. Amor também pode ser doença. E a outra parte de mim, da minha mente, que se deixou perder nesta mistura desenfreada de sensações e emoções, que parece ter ficado esquecida, mas que não ficou, diz-me para mergulhar nas recordações de todas as vezes que eu tento ser um "Eu" inteiro, completo. E tu, aquela paixão descomedida, arrebatada, enfurecida, e cheia de vontade de vaguear, tal e qual o amor, de porta em porta, de esquina em esquina, pedindo, de forma dissimulada, esmola... E tu, paixão com toda essa tua vontade de vaguear sem destino e só parar na porta onde consegues cruzar-te com o amor. E, a partir daí, poderás senti-lo,... poderás beijá-lo,... poderás abraçá-lo num abraço descomedido e ... só desta forma se pode dizer que se morreu de amor. Mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis

Rose made of cloth. Photograph by Ana Reis.

Today my words are lovely. Lovely because my words want to talk about love. Oh ... love! This bum feeling that goes wandering from corner to corner begging. Today someone told me that someone has rejected a call from Love. We never reject a call from Love! We pick up the phone every time Love calls us and we repay with more love. Love is repaid with love! The lack of love in our hearts is amazing! Sometimes we try to get in someone's heart but the door doesn't open. It seems that people's hearts are frozen or sthat they don't believe in love. Some people turn off the calls of love! And you, love, that so many hearts terrifiest. How many will you continue, along your way, terrifying? Love, you spear a kind of alchemy created, in time, by the magicians of love. You spear ... and hide! You spear and ... run away! You gut into my veins and travell all over my body! You invade every space, from my brain to the smallest cell, as if you were a bomb made ​​of pheromones and some neurons lost in the middle. And you do it all just to remember me that I can't never forget you, love! Everyone go through this because love is, as I already said, bum. He goes wandering and knocking door to door begging. It is a disguised beggar. You say that you want what you don't really want. You say that you are what you're not. And You will encroaching gradually into our body. You accelerate my heart. I think it is an arrhythmia but it isn't, it's you, love! You, who make my heart beat as if it was running against time, or in a time trial competition. And how danger is feeling my heart wanting to jump out of my chest! You make the ground run out beneath my feet, leaving me in a cliff with no end in sight. I think this is when the fear invades me. If you stop making my heart beat that fast, I can fall into a bottomless pit and stay there without anyone knowing where to find me. You're guilty of all these feelings and emotions that are mixed in a feverish agitation. Sometimes I feel sick. Love can also be a disease. And the other part of me, of my mind, which was allowed to miss this riotous mix of sensations and emotions, which seems to have been forgotten, but haven't, tell me to soak in the memories everytime I try to be a whole, complete "I". And you, inordinate passion, snatched, angry, and full of desire to roam, just like love, from door to door, from corner to corner, asking, disingenuously, alms ... And you, passion, with all your desire to wander aimlessly and only stop at the door where you can cross your path with love. And from there, you'll feel it ... you can kiss it, hug it in a overblown hug... And only living it we can say that we died of love. But these are already another kind of words. Ana Reis

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Velha que vivia num sapato (Versão portuguesa (portuguese version))

Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...

Palavras Soltas (01/04/2014 Dinâmica de grupo: O Abrigo Subterrâneo)

As palavras soltas de hoje vão falar de memórias. Hoje estive a arrumar o meu sótão, em todos os sentidos, e consegui encontrar as coisas mais maravilhosas por lá perdidas e, algumas, esquecidas. Vou tentar partilhar convosco algumas delas ao longo do tempo, pelo menos as mais relevantes e, de certa forma, engraçadas. A memória de hoje vai para o meu último ano de Licenciatura. Tinha uma disciplina com o nome Dinâmica de Grupos que era bastante interessante por interagíamos muito uns com os outros e tentávamos funcionar como um grupo. Acho que foi um bom trabalho para aprendermos a trabalhar em equipa. Se bem que na prática as coisas não são tal e qual a teoria. Um dos desafios que nos foram lançados ao longo do semestre foi a dinâmica: O Abrigo Subterrâneo. E vou lançar-vos o desafio também. "Imaginem que uma cidade no mundo está sob ameaça de ser bombardeada. Aproxima-se um homem de nós e solicita-nos que tomemos uma decisão imediata. Existe um abrigo subterrâneo que só pode...

Regressos / Returns

  As palavras soltas de hoje falam sobre regressos. Já há muito tempo que não as escrevo. E tanto tempo há que vocês não as leem. Por isso, hoje, resolvi escrevê-las. Estas pequenas palavras. Livres. Soltas. Tal como sempre vos habituei. E regressar traz sempre um sentimento agridoce. Tanto de excitação como de medo. As palavras soltas têm destas coisas. Sempre que escrevo deixo que seja o meu cérebro a comandar as minhas palavras. Ou serão as minhas palavras que controlam o cérebro?! Lidar com os pensamento enquanto escrevo é obrigatório. Não tenho escapatória possível. E, assim, regresso. Regresso ao meu mundo. Aquele mundo onde escrevo e desenho. Alio duas áreas da criatividade que sempre amei. E não me importo de viver aqui. Neste meu mundo de criatividade. Sinto-me abraçada sempre que o faço. Escrever. Desenhar. E regressar. Bem-vindas queridas palavras soltas! Que este seja um regresso para ficar. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Today's words will talk about ret...