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Rosa de pano. Fotografia de Ana Reis. |
As palavras soltas de hoje estão amorosas. Amorosas porque vos querem falar de amor. ... Ah o amor! Esse sentimento vagabundo que vai vagueando de esquina em esquina pedindo esmola. Hoje contaram-me que alguém rejeitou uma chamada do Amor. Do amor não se rejeitam chamadas! Do amor atendem-se todas as chamadas e retribui-se com mais amor. Amor com Amor se paga! A ausência de amor nos nossos corações é incrível! Por vezes tentamos entrar no coração de alguém mas a porta não se abre. Parece que as pessoas gelaram ou, então, com muita tristeza minha, deixaram de acreditar no amor. Algumas até desligam as chamadas do amor! E tu, amor, que tantos corações ensombras. Quantos mais irás, ainda, pelo teu caminho, ensombrar? Lanças uma espécie de alquimia criada, em tempos, pelos magos do amor. Lanças... e escondes-te! Lanças e... foges! Entranhas-te nas minhas veias e percorres todo o meu corpo! Invades cada espaço, desde o meu cérebro até à mais pequena célula, como se fosses uma bomba atómica feita de feromonas e de alguns neurónios perdidos pelo meio. Tudo isto só para que eu não consiga esquecer-te, amor, nunca! Todos nós passamos por isto porque o amor é, tal como já disse, vagabundo. Vai vagueando e batendo de porta em porta a pedir esmola. É um mendigo dissimulado. Diz querer o que na verdade não quer. Diz ser o que na verdade não é. E vai invadindo, assim, aos poucos, o nosso corpo. Aceleras-me o coração. Penso que é uma arritmia mas não, és tu amor! És tu que fazes bater o meu coração como se estivesse a correr contra o tempo, ou numa competição de corrida de contra-relógio. E que perigo este de sentir o coração a querer saltar do peito! Fazes com que fique sem chão debaixo dos meus pés, deixando-me num precipício sem fim à vista. Acho que é aqui que o medo me invade. Caso pares de fazer o meu coração bater assim, posso cair num abismo sem fim e por ali ficar. Sem ninguém saber muito bem onde me encontrar. És o culpado de todas estas sensações e emoções que se misturam numa agitação febril. Sinto-me adoecer. Amor também pode ser doença. E a outra parte de mim, da minha mente, que se deixou perder nesta mistura desenfreada de sensações e emoções, que parece ter ficado esquecida, mas que não ficou, diz-me para mergulhar nas recordações de todas as vezes que eu tento ser um "Eu" inteiro, completo. E tu, aquela paixão descomedida, arrebatada, enfurecida, e cheia de vontade de vaguear, tal e qual o amor, de porta em porta, de esquina em esquina, pedindo, de forma dissimulada, esmola... E tu, paixão com toda essa tua vontade de vaguear sem destino e só parar na porta onde consegues cruzar-te com o amor. E, a partir daí, poderás senti-lo,... poderás beijá-lo,... poderás abraçá-lo num abraço descomedido e ... só desta forma se pode dizer que se morreu de amor. Mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
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Rose made of cloth. Photograph by Ana Reis. |
Today my words are lovely. Lovely because my words want to talk about love. Oh ... love! This bum feeling that goes wandering from corner to corner begging. Today someone told me that someone has rejected a call from Love. We never reject a call from Love! We pick up the phone every time Love calls us and we repay with more love. Love is repaid with love! The lack of love in our hearts is amazing! Sometimes we try to get in someone's heart but the door doesn't open. It seems that people's hearts are frozen or sthat they don't believe in love. Some people turn off the calls of love! And you, love, that so many hearts terrifiest. How many will you continue, along your way, terrifying? Love, you spear a kind of alchemy created, in time, by the magicians of love. You spear ... and hide! You spear and ... run away! You gut into my veins and travell all over my body! You invade every space, from my brain to the smallest cell, as if you were a bomb made of pheromones and some neurons lost in the middle. And you do it all just to remember me that I can't never forget you, love! Everyone go through this because love is, as I already said, bum. He goes wandering and knocking door to door begging. It is a disguised beggar. You say that you want what you don't really want. You say that you are what you're not. And You will encroaching gradually into our body. You accelerate my heart. I think it is an arrhythmia but it isn't, it's you, love! You, who make my heart beat as if it was running against time, or in a time trial competition. And how danger is feeling my heart wanting to jump out of my chest! You make the ground run out beneath my feet, leaving me in a cliff with no end in sight. I think this is when the fear invades me. If you stop making my heart beat that fast, I can fall into a bottomless pit and stay there without anyone knowing where to find me. You're guilty of all these feelings and emotions that are mixed in a feverish agitation. Sometimes I feel sick. Love can also be a disease. And the other part of me, of my mind, which was allowed to miss this riotous mix of sensations and emotions, which seems to have been forgotten, but haven't, tell me to soak in the memories everytime I try to be a whole, complete "I". And you, inordinate passion, snatched, angry, and full of desire to roam, just like love, from door to door, from corner to corner, asking, disingenuously, alms ... And you, passion, with all your desire to wander aimlessly and only stop at the door where you can cross your path with love. And from there, you'll feel it ... you can kiss it, hug it in a overblown hug... And only living it we can say that we died of love. But these are already another kind of words. Ana Reis
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