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Palavras soltas (07/07/2014 - Espelho/Mirror)






As palavras soltas de hoje estão reflexas. Estão num estado tal de reflexão que eu consigo ver o meu reflexo em mim. E perco-me no espaço que vai entre eu e o meu reflexo em mim. Perco-me na infinidade de coisas que se encontram entre nós. A minha paixão por espelhos já vem desde tenra idade. Lembro-me que passava imenso tempo a ver reflexos. Mas não eram uns reflexos quaisquer! Eu sempre gostei de ver o mundo de uma outra perspetiva. Eu sempre gostei de ver o mundo de pernas para o ar. O espelho era a porta para esse outro lado. O espelho era a porta para o outro lado do mundo como o conhecemos. O espelho é a porta para o mundo de pernas para o ar. E eu era capaz de passar horas e horas a brincar com isso. E divertia-me imenso! E, apesar das chamadas de atenção do meu avô, eu mantinha-me firme nesta minha viajem atrás do outro lado do mundo. Eu sabia que corria alguns riscos. Eu sabia as consequências de um passo dado em falso. E, acreditem, as consequências não seriam somente físicas! Mas as físicas seriam piores do que tudo o resto porque as psíquicas nunca as consegui curar mas, também, não sinto qualquer necessidade de o fazer. Ver o mundo de pernas para o ar continua a ser uma grande aventura para mim. E uma aventura daquelas fantásticas e relaxantes. A parte que mais me custa é ter de voltar à caminhada no mundo real. As piores partes da minha caminhada a ver o mundo de pernas para o ar eram as escadas. Quando chegava às escadas, no meu mundo de pernas para o ar, elas não existiam enquanto que, no mundo tal como ele é, elas estavam bem presentes. Nestas fases eu tinha que caminhar com muito cuidado para não falhar nenhum degrau real na minha caminhada imaginativa. O resultado de uma falha, por mais pequena que ela fosse, seria um grande trambolhão e cair redonda no meio do chão! Mas poderia ter consequências muito piores fisicamente! Sempre que baixava o espelho entrava em contato direto com o mundo real. E podia ultrapassar alguns dos obstáculos reais que o meu mundo de pernas par o ar encobria. Mas a aventura, assim, não era a mesma coisa! E só terminava esta aventura quando tinha que ir almoçar. Ainda hoje gosto de viajar no mundo de pernas para o ar. Mas agora flutuo numa piscina para o ver. Já não recorro a nenhum espelho. Mas os espelhos e os reflexos continuam a dar muito que falar na minha vida. Mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis



Today my words are reflexed. Are in such a state of reflection that I can see my reflection in me. And I get lost in the space that goes between myself and my reflection on me. I get lost in the myriad of things that lie between us. My passion for mirrors comes from an early age. I remember that I used to spend a lot of time to see reflections. But they weren't any reflections! I always liked to see the world from another perspective. I always liked to see the world upside down. The mirror was the door to the other world. The mirror was the door to the other side of the world as we know it. The mirror is the doorway to the upside down world. And I used to spend hours and hours playing with it. And it amused me greatly! And despite all the reminders from my grandfather, I continue firmly in this journey across the upside down world. I knew I was running some risks. I knew the consequences of a false step. And believe me, the consequences wouldn't be only physical! But the physical would be worse than anything else because psychic damages have never cured but I don't want and I don't need to cure them. To see the upside down world continues to be a great adventure for me. And a fantastic and relaxing adventure too. The hardest part to me is having to come back to the real world. The worst parts of my journey in the upside down world were stairs. When I needed to climb stairs, in my upside down world journey, they don't exist while in the real world they were present. While I was climbing stairs I had to climb it very carefully so I won't fail any real step in my imaginative walk. The result of a failure, however small it might be, would be a big tumble in the floor! But it could have worse consequences physically! Whenever I lowered the mirror I was in direct contact with the real world. And I could overcome some of the real obstacles without falling. But with this method the adventure wasn't the same thing! And this adventure just ended when I had to go to lunch. I still like to travel at the upside down world. But now I float in a pool to see it. Now I haven't resort to any mirror. But mirrors and reflections continue giving too much to talk about in my life. But these are already another kind of words. Ana Reis



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