Escrevo estas meras palavras. Algumas soltas. Outras prestes a soltar. Preciso de contar-vos mais uma das minhas aventuras para que possam sentir-se como eu me senti. A vida tem mesmo destas coisas. Ainda bem. Nunca pensei conseguir sair de casa naquele dia. A vontade era como é todos os dias: nenhuma! Mas tento contrariar. E nesse dia consegui. Saí e lá estava ela. Senti necessidade de dar-lhe aquele abraço. Na verdade, não porque ela estivesse a precisar (talvez até precisasse),mas porque eu estava carente daquele abraço. Não de um abraço dos braços dela. Podia ser um abraço de um desconhecido. Precisava de segurança. De força. E, não sei se serei só eu, mas os abraços são a única forma que vejo para recarregar energias. Para sentir força e segurança. Podemos não ter partilhado o maior abraço mas soube mesmo bem aquele abraço. Ganhei confiança para acreditar que não tinha saído de casa em vão. E acho que partilhamos, naquele momento, confianças. Falamos dos doces e amargos da vida. Mas, quando a música começou, já não houve mais lugar para essas conversas. Edemos início a uma nova partilha. A música desencadeou um movimento involuntário no meu corpo. Penso que ela sentiu o mesmo. A nossa troca de olhares disse tudo! Quando olhámo-nos estávamos as duas em movimento ainda antes de todas as outras pessoas. E, ao contrário daquilo que possam imaginar, sentimo-nos felizes! Pensando bem podíamos ter corrido o risco de alguém achar-nos tolinhas. Eh eh eh! Mas acho que ninguém, naquela sala, estava com esse espírito crítico. Senti que em unanimidade estávamos todas a partilhar um momento de igual forma. Cada uma à sua maneira procurava naquela aula a mesma coisa. Não havia pensamentos de análise destrutiva. Quando realmente entramos todas no movimento, no início senti-me retraída. Por vezes tenho estes bloqueios. Mas depois inspirei, ..., expirei, ..., e comecei a divertir-me! Houve momentos de desespero. Alguns movimentos eram mesmo demasiado rápidos. Mas aos poucos lá ia fazendo alguma coisa, o mais importante era abstrair-me dos problemas. E consegui. Nem uma única vez pensei na vida. Olhei para ela e ria-se imenso! Olhei para as restantes e todas sorriam e riam-se como se não houvesse amanhã. E foi aí, nesta mistura de sorrisos, que apercebi-me da importância daquele momento no meu dia e na minha vida. Foi um momento tão bom! Já há muito que não estava rodeada de pessoas tão felizes! Pelo menos que me lembre. Pessoas das quais nem sei o nome. Pessoas que se as vir na rua amanhã já não me recordo das suas caras. Mas não é importante! O mais importante tenho! Tenho uma recordação fantástica daquele final de dia com sorrisos aos milhões. E que ainda hoje me deixam a sorrir sempre que dou por mim a recordar ou a pertilhar aquele momento. E acima de tudo, a cereja no topo do bolo, partilhei este momento com uma pessoa que faz parte da minha vida e que tem tudo para continuar a ser uma grande amiga. Obrigada.
Ana Reis
Ana Reis
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