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Palavras soltas (27/01/2014Partilha)

Hoje apetece-me escrever algumas palavras. Escrever palavras e partilhar convosco a imagem mais maravilhosa que os meus olhos puderam contemplar durante o dia. De manhã fui completar o quadro familiar para deixar alguém a sorrir. A família é realmente um laço muito apertado e forte. Ninguém deveria deixar quebrar esse laço. Apesar de eu ter estado todo o tempo um pouco distraída, eu consegui observar tudo. Não sei como é que eu o faço nem como o consigo fazer, mas muitas vezes pareço desligada do mundo mas estou a observar cada movimento, cada gesto, cada palavra, cada sentimento, cada olhar, ... , cada pormenor. E esta tarde foi um momento desses. Elas falaram horas e horas e a mim pareceram-me minutos. Trocaram sentimentos de dor, de alegria, alguns até de amor. Foi uma troca, uma partilha de experiências, de gerações, de opiniões, que concluíram serem as mesmas, de sentimentos, de amor. Foi um momento único! Vê-las a conversar deixou-me a sonhar. Por momentos desliguei o meu modo alternativo e dei por mim a pensar como seria adorável ter uma companheira assim. Como deve ter sido maravilhosa a infância delas! A quantidade de brincadeiras que devem ter inventado juntas. Os segredos que partilharam e guardaram sem nunca revelar. As aventuras que viveram, algumas imaginárias, e das quais ainda hoje riem-se. Os namoricos que confidenciaram uma à outra. As tristezas que partilharam uma com a outra para doer menos. As caminhadas até ao emprego que traziam sempre uma história para contar em casa. O penteado que fizeram uma à outra. As roupas que emprestavam e trocavam entre si. Os conselhos que davam uma à outra. Imagino que tenha sido uma infância de partilha e, acima de tudo, muito feliz! Quando voltei ao modo alternativo apercebi-me que estavam a fazer bem uma à outra. Acima de tudo estavam a fazer-se bem! Muito bem! E fez-me bem aquele bem-estar delas! Depois da tormenta senti-me pela primeira vez bem. Mas o que começa também termina e este momento também teve a sua hora final. Mas ainda faltava deixar outra pessoa feliz! O toque da campainha soou. E lá ao fundo vi a carinha dele a surgir no meio da multidão, que aguardava a saída dos outros meninos. O seu sorriso contagiante estava tatuado na sua cara. Os seus dentinhos brancos estavam bem visíveis. Que cara tão feliz! E entrou no carro. Trazia a mochila consigo. Foi um caminho curto mas cheio de conversas. Conversas para pequeninos. Conversas para ele. E, do nada, ele grita: "Olha um arco-íris!". Procurei-o a muito custo e não consegui ver nada. Mas no cimo da rua, numa zona com menos habitações, lá estava ele. Ainda envergonhado. Lindo! Lindo como os momentos vividos neste dia! E eu que pensei que só iria fazer uma pessoa feliz... afinal consegui fazer três! E recebi em troca a minha parte de felicidade de hoje. E o arco-íris foi só a cereja no topo do bolo.

Ana Reis

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