Avançar para o conteúdo principal

Palavras soltas (24/04/2014 - "Sombras / Shadows")


As palavras soltas de hoje estão bastante mais calmas. Talvez porque a própria melancolia deste dia de chuva as torna mais pacíficas. Vejo agora uns raios de sol discretos a espreitarem mas não são suficientes para estimularem, como se fossem choques elétricos, as palavras soltas de hoje. Tenho tanta coisa para vos escrever mas não sei por onde começar nem como escrever tudo o que anda a navegar na minha mente. Posso começar pelo princípio... mas o que para mim parece ser o princípio poderá acabar por ser o fim. E o que penso que seja o fim poderá ser o princípio. Ou o que está no meio será o princípio ou o fim. Mas não vos vou confundir mais. Para confusa já basto eu e a minha mente. Vocês têm que ter a vossa mente bem organizada para que a minha desorganização mental não vos desorganize também. Mas falando de coisas importantes e sérias.
Esta noite, durante as minhas insónias, resolvi observar as sombras do meu quarto. Talvez houvesse um entretenimento melhor mas, às vezes, apetece-me mesmo estar somente parada a observar e nem imaginam a quantidade de coisas que consigo ver. Para alguns de vocês isto pode parecer bastante monótono, porque observar sombras num quarto não tem nada de novo. Todos os dias as mesmas sombras. Mas as sombras do meu quarto não são todos os dias iguais. Há uma semana atrás era uma confusão de sombras! Nem conseguia distinguir muito bem a quem, ou melhor, a quê cada uma delas pertencia. Era uma miscelânia de sombras muito mal definidas. Nem vos sei dizer quantas eram! Mas ontem estava tudo muito mais organizado. Cada sombra tinha voltado ao seu sítio e estava muito bem definidas. Até a minha sombra parecia ter uma definição maior. E consegui ter uma conversa muito séria com ela. Às vezes a nossa sombra ganha vida própria e tenta viver uma vida só dela sem se lembrar a que corpo pertence. Talvez as sombras devessem ter direito a ter vida própria. Porque não!? Nunca perguntaram à vossa sombra como ela está, ou como ela se sente? Deviam tentar fazê-lo um dia. Ser sombra, por vezes, não é nada fácil. A sombra tem imensas responsabilidades e a maior delas todas é a de nos seguir e imitar constantemente. Algumas sombras conseguem libertar-se e viver a sua vida livremente. Às vezes algumas sombras deixam de ser sombras conseguem ter uma sombra só delas. E algumas destas sombras esquecem-se tão rapidamente de como é ser sombra que tratam com imenso desprezo a sua sombra. As sombras também têm vida! E devem ser tratadas como tal! As sombras do meu quarto adoram que eu converse com elas e lhes diga para partirem. Mas as sombras do meu quarto não podem partir porque são sombras de objetos inanimados. A minha sombra já partiu e só vem matar saudades, de vez em quando, dos momentos que passamos juntas. E que saudades! Estimem as vossas sombras porque elas são, por vezes, as melhoras amigas/amigos para uma conversa mais séria. Contem-lhes os vossos segredos e confiem nelas. As sombras sabem ser muito fiéis. As sombras amam-nos como um familiar nosso se forem bem tratadas. E não deixem que a vossa sombra parta sem nunca saber o quanto vocês a amam também. As sombras gostam de amar e ser amadas. E se nunca se lembraram de olhar para a vossa sombra...  acho que este é o momento ideal para o começarem a fazer. Mas isso já são outras palavras palavras soltas. Ana Reis


"The words I write today are much more calm. Perhaps because of this very melancholy rainy day that makes them more peaceful. Now I see a discrete ray of sunshine lurking but it is not sufficient to stimulate, like electric shocks, the words I write today. I have so much to write to you but I don't know where to start or how to write whatever goes surfing in my mind. Maybe I should start from the beginning... but what seems to me to be the principle may eventually be the end. And what I think is the end could be the first. Or what is in the middle will be the beginning or the end... But I won't confuse you no more. It's enough being already confuse me and my mind. You need to have your mind well-organized so my mental clutter don't make your mind mess up too. But talking about important and serious things...Tonight, during my insomnia, I decided to observe the shadows of my room. Maybe there was a better entertainment but sometimes I feel good when I'm just observing what's around me and you can't imagine the amount of things I can see. For some of you this may seem rather dull because watching shadows in a room doesn't have anything new. Everyday the same shadows... But the shadows of my room aren't all the same everyday. A week ago it was a mess of shadows! I couldn't distinguish very well who, or rather what each of them belonged to. It was a hodgepodge of very ill-defined shadows. I don't know how much they were! But yesterday it was much more organized. Each shadow had returned to their place and it was very well defined. Even my shadow seemed to have a greater definition. And I did have a very serious talk with her. Sometimes our own shadow comes to life and tries to live its life without remembering that belongs to a body. Maybe the shadows should have the right to live itself. Why not? Maybe you never asked for your shadow how it is going, or how it feels? You should try to do it one day. Being shade sometimes is not easy. The shade has so much responsibilities and the largest of them all is to follow and imitate us constantly. Some shadows can free itself and live its life freely. Sometimes some shadows get free and have a shadow of them. And some of these shadows forget so quickly how is to be a shadow and then they started to treat its shadow with contempt. The shadows also have life! And they should be treated as such! I love to talk with the shadows of my room and sometimes I tell them to leave. And they just love it! But the shadows of my room can't leave because they are shadows of inanimate objects. My shadow has departed and when it misses me it cames, occasionally, to remember times we spent together. And how I miss my shadow! You must take care ofyour own shadows because they are sometimes bestfriends with who you can have a more serious conversation. Tell them your secrets and trust them. The shadows know how to be very loyal. The shadows love you as our family do but it only happens if they are well treated. And don't let your shadow never leave without knowing how much you love her too. Shadows like to love and be loved. And if you never remembered to look at your shadow... I think this is the ideal time to start doing. But these are already another kind of words." Ana Reis

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Velha que vivia num sapato (Versão portuguesa (portuguese version))

Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...

Palavras Soltas (01/04/2014 Dinâmica de grupo: O Abrigo Subterrâneo)

As palavras soltas de hoje vão falar de memórias. Hoje estive a arrumar o meu sótão, em todos os sentidos, e consegui encontrar as coisas mais maravilhosas por lá perdidas e, algumas, esquecidas. Vou tentar partilhar convosco algumas delas ao longo do tempo, pelo menos as mais relevantes e, de certa forma, engraçadas. A memória de hoje vai para o meu último ano de Licenciatura. Tinha uma disciplina com o nome Dinâmica de Grupos que era bastante interessante por interagíamos muito uns com os outros e tentávamos funcionar como um grupo. Acho que foi um bom trabalho para aprendermos a trabalhar em equipa. Se bem que na prática as coisas não são tal e qual a teoria. Um dos desafios que nos foram lançados ao longo do semestre foi a dinâmica: O Abrigo Subterrâneo. E vou lançar-vos o desafio também. "Imaginem que uma cidade no mundo está sob ameaça de ser bombardeada. Aproxima-se um homem de nós e solicita-nos que tomemos uma decisão imediata. Existe um abrigo subterrâneo que só pode...

Regressos / Returns

  As palavras soltas de hoje falam sobre regressos. Já há muito tempo que não as escrevo. E tanto tempo há que vocês não as leem. Por isso, hoje, resolvi escrevê-las. Estas pequenas palavras. Livres. Soltas. Tal como sempre vos habituei. E regressar traz sempre um sentimento agridoce. Tanto de excitação como de medo. As palavras soltas têm destas coisas. Sempre que escrevo deixo que seja o meu cérebro a comandar as minhas palavras. Ou serão as minhas palavras que controlam o cérebro?! Lidar com os pensamento enquanto escrevo é obrigatório. Não tenho escapatória possível. E, assim, regresso. Regresso ao meu mundo. Aquele mundo onde escrevo e desenho. Alio duas áreas da criatividade que sempre amei. E não me importo de viver aqui. Neste meu mundo de criatividade. Sinto-me abraçada sempre que o faço. Escrever. Desenhar. E regressar. Bem-vindas queridas palavras soltas! Que este seja um regresso para ficar. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Today's words will talk about ret...