As palavras soltas de hoje continuam sonoras! Ouvem-se nos quatro cantos do mundo! Ou pelo menos querem fazer-se ouvir. Hoje é um daqueles dias em que me apetece gritar. Gritar só por gritar. Gritar para libertar toda a energia acumulada em mim. Esta semana não vou ter as minhas descargas de energia e já estou a sentir falta disso. Grito para dentro e impludo! Impludo todos os meus sentimentos e todas as minhas revoltas e toda a minha vida! E depois recolho. Recolho cada estilhaço, cada pedaço que se encontra espalhado pelo meu quarto, pela minha casa, pela minha cidade, pelo meu país, pelo nosso mundo! E vou reparando que cada pedaço traz consigo algo mais, como se se tratasse de um íman. E o meu campo electromagnético central, o meu corpo, consegue sugar cada estilhaço com mais um pedaço de algo, ou de alguém, anexado. E, num ápice, toda eu sou os meus estilhaços mais os estilhaços perdidos de outras pessoas. E, se olhar com mais atenção para a minha nova composição de estilhaços em mim, posso ver que um ou outro se quebrou com a intensidade do impacto durante a implosão. E pergunto-me por onde andarão esses meus estilhaços partidos... e, só depois de estar com diferentes pessoas, é que eu consigo finalmente descobrir que os meus estilhaços estiveram sempre agarrados a estilhaços de outras pessoas que, tal como eu, impludiram. E, desta forma, todos nós temos um pouco dos outros, nem que seja um pequeno estilhaço. Nem que seja um pequeno fragmento. Nem que seja um vazio no coração causado pela perda de alguém que nos é querido. Os estilhaços, sejam eles bons ou maus, passam a fazer parte de cada um de nós e a viver de forma comensal o nosso dia-a-dia. E, depois de algum tempo passar, deixamos de notar a sua presença por já se terem tornado tão nossos. E espero que agora consigam reparar quais são os estilhaços que as outras pessoas deixaram na vossa vida e quais dos vossos estilhaços estão em falta. E se olharem com olhos de ver, certamente, conseguirão reparar que alguns deles estão em pessoas que vivem muito próximas de vocês! Mas isso já são outras palavras soltas.
Ana Reis
https://www.youtube.com/watch?v=TCL94-MsxYc
https://www.youtube.com/watch?v=Qg7L0OQiN78
"Today my words are musical words! They want to be heard all over the world! Or at least they want to be heard. Today is one of those days that I feel like I only want to scream. Screaming just for scream. Shouting to release all my stored energy. This week I won't have my bursts of energy and I'm already missing it. I cry inside and then an implosion appens! The implosion occurs and all my feelings, all my revolts, all my life get fired to everywhere! Then I collect them. I
collect every shard, each piece that is scattered around in my room, in
my house, in my city, in my country, in our world! And I'm noticing that every piece brings something else, as if it were a magnet. And my central electromagnetic field, my body, can suck every shard with another piece of something, or of someone, attached. And, at a glance, all of me, every single piece of me, are lost shards from me and from other people. And
if I take a look closely at my new composition of shrapnel, I can see
that some of them broke with the intensity of the impact during the implosion. And
I wonder where my lost shrapnel are... and only after
being with different people, I can finally discover that my
shrapnel were always clinging to shards of other people who, like me,got an implosion. And we all have a little bit of someone else even if is only a small shard. Even if it is one small fragment. Even if it is a void in the heart caused by the loss of someone who is dear to us. Shards, whether good or bad, will become part of each one of us and live in a commensal way with you. And, after some time passes, we start stop to notice their presence because they had already become as ours.
And
I hope that now you are able to see what are the shards that other people
have left in your life and which of your shards are missing. And if you look with eyes to see you will certainly be able to notice that some of them are people who live very close to you! But it is already another kind of words." Ana Reis
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