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Palavras soltas (29/04/2014 - O pastor/The shepherd)


Mother and son 2009 (Mãe e filho 2009) -
Contact - Ron Eskamp - the Exhibitions Gallery, 154 Featherston Street, Wellington.
   

As palavras soltas de hoje estão mais revigoradas. O fim-de-semana de repouso recarregou as suas energias. E agora estão com a energia em alta! Bem, eu nunca fui guardadora de rebanhos na minha vida mas sinto que é como se eu própria tivesse os meus rebanhos para guardar. A minha alma é como um pastor, conhece todas as intempéries e alterações climáticas, e anda ao sabor do clima, a observar a Natureza sem nenhum ser humano presente e, muitas vezes, senta-se a meu lado para melhor passar o tempo em conversas intemporais e sem medida. Mas entristece-me a chegada da escuridão de mansinho, como se tentasse entrar pela janela do meu quarto em surdina, sinto um certo frio, uns arrepios, ... Mas a minha tristeza é paz, tranquilidade, o sossego no desassossego que é a vida, porque é justa e normal e vive distraidamente na nossa alma enquanto as nossas mãos colhem flores pelo caminho percorrido ao longo da nossa vida. Mas quando os meus ouvidos ouvem os sons dos chocalhos lá longe, a minh'alma transforma-se e sente-se contente. E os pensamentos fluem com imensa facilidade e alegria. Mas preferia não sabê-lo. Preferia viver na ignorância do meu ser, pois ao saber estou a torná-los alegres e tristes, em vez de alegres e felizes. Se não existisse pensar eu não teria de andar de guarda-chuva. Pensar é tão incomodativo como ter que andar com um guarda-chuva sempre atrás de nós em dias em que não temos a certeza se vai chover ou não. Ou então, é como andar de guarda-chuva naqueles dias em que a chuva e o vento se combinam e aumentam, ilusoriamente, em proporcionalidade direta, de intensidade. Não posso dizer que tenha muitas ambições. Na época dos sonhos penso que já tive muitas mais. Neste momento estão a diminuir. E desejos?! Oh esses... Esses também são cada vez menos. Ser escritora não é uma ambição minha. É a forma que eu encontrei de estar sozinha e de falar comigo mesma como se estivesse a falar em voz alta sozinha. Mas, pelo menos assim, não sou chamada de louca. E se, por vezes, desejo ser uma ovelha, ou ser todo o rebanho para andar por toda a encosta da Serra a ser coisas variadas e diferentes e feliz ao mesmo tempo, é só porque as palavras que escrevo são sentidas como quando um raio de sol nos toca a pele, ou como quando uma nuvem com o seu corpo encobre a luz do sol e, consequentemente, uma onda de silêncio percorre toda a erva. E se todas estas palavras vos parecem vãs e muito vagas é porque a minha mente consegue esvaziar-se de pensamentos e deixar nada escrito nesta página que estão a ler. Mas isso já são outras palavras soltas. Ana Reis

Mother and son 2009 (Mãe e filho 2009) -
Contact - Ron Eskamp - the Exhibitions Gallery, 154 Featherston Street, Wellington.
   

The words I'll write today are more invigorated. The weekend helped me to recharge my batteries. And now my words have their energy up! Well, I've never been keeper of flocks in my entire life but I feel it is as if I had my own herds to save. My soul is like a shepherd, it knows all weather and climate changes, and it walks to the flavor of the climate, observing the Nature without any human being and the Nature often sits beside me so we better spend time in timeless and without measure conversations. But what saddens me is the softly arrival of darkness, as if it is trying to get in my bedroom using the window quietly, I feel some cold, a few chills, ... But my sadness is peace, tranquility, quiet in disquietude that life can be because it is fair and normal and live idly in our soul as our hands gather flowers along the path throughout our life. But when my ears hear the sounds of cowbells in the distance, my soul transformed itself and feels happiness. And thoughts flow with so easily and with so much hapiness. But I prefer not to know that. I prefer to live ignoring my being as I am, because when I know everything I make them happy and sad instead of happy and joyful. If there was no thinking I wouldn't have to use an umbrella. Thinking is so annoying as having to walk with an umbrella that is always behind us in that days that we aren't sure if it will rain or not. Or, it's like walking with an umbrella on those days when the rain and the wind combine and increase, deceptively, in direct proportionality of intensity. I can't say I have many ambitions. When I useed to dream a lot I 've had many more. But currently they are decreasing. And wishes?! Oh these... These are also fewer. Being a writer is not my ambition. It's the way that I found to be alone and talk to myself as if I am speaking aloud alone. But, at least, people don't call me crazy. And if sometimes I want to be a sheep, or entire herd just to be driving all over the mountainside to be varied and different things and happy at the same time, it's only because the words I write are felt as if a ray of sun when touches our skin, or as when a cloud covers with its body the sunlight and thus a wave of silence runs through the herb surface. And if all these words seem to you vain and vague it is because my mind sometimes can be empty of thoughts and thus leave nothing written on this page that you are reading. But it is already another kind of words. Ana Reis

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