As palavras soltas de hoje falam sobre a minha vida. Tem dias em que as minhas pernas tremem. Sinto-me sem forças. Incapaz. Fraca. Sinto-me chão quando podia ser céu. Sinto-me no fundo da cadeia alimentar. Tem dias em que os meus braços não se seguram. Parecem pesar toneladas. E caem. Andam caídos. E sinto-me sem forças. Impotente. Insegura. Tem dias em que me sinto vazia. E a sensação de vazio é a pior sensação de todas. Porque o vazio expande. Tal como uma goma (xantana, arábica, guar, ...). Aumenta de volume. O vazio invade todas outras áreas do meu corpo. O vazio começa por preencher os pontos essenciais e vai vertendo, derramando o seu veneno. E envenena-me. E nos dias em que me sinto diferente sinto-me capaz de abraçar o mundo com os meus pequenos e impotentes braços. Capaz de saltar de uma margem para a outra de um rio. Repleta de sentimentos e de pessoas que me completam. Tem dias em que gostava de partilhar os meus sapatos com algumas pessoas para que percebessem um bocadinho como é andar com eles. Nem sempre é fácil. Nem sempre é bonito. Nem sempre é recheada de alegrias. Tem muitas lágrimas. Tem muitas dores de costas. Tem muitas dores de cabeça e nas pernas. Tem muitos momentos de introspeção e de solidão. Mas também tem muitas coisas boas que fui construindo na vida que eu escolhi. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...
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