As palavras soltas de hoje falam sobre cuidados de saúde. Não consigo compreender como é que ainda existem crianças com cancro que têm que viajar durante 10H para receber um tratamento de quimioterapia. Não me lembrei disto porque sim. Estava a ler, no meio desta tempestade que se chama Ana, a revista Notícias Magazine, a qual costumo ler, muitas das vezes, na diagonal, e captou a minha atenção a notícia com o título A longa viagem das crianças de Myanmar. Fiquei impressionada com toda a entrevista. Nós somos pessoas mesmo sortudas. Se esperamos 30 minutos a mais do que a hora marcada para uma consulta rotineira na Unidade de Saúde Familiar da nossa freguesia fazemos logo um escândalo. E já não falo nas horas de espera nos serviços de urgência. Eu já passei por isso, infelizmente mais do que uma vez, e é terrível. É um sentimento de impotência puro! Mas agora penso no que seria se eu tivesse que percorrer um percurso de 10H, com uma criança com cancro, até chegar ao hospital. Em Myanmar o único hospital que tem tratamentos de oncologia fica a uma distância média de 10-12H da maioria dos utentes. Acho que deviam ler a notícia só para ficarem a pensar no assunto. Muitas são as vezes que reclamamos na fila do talho, da farmácia, do hipermercado... Andamos sempre a correr para apanhar o autocarro porque o próximo só vem passados 20 minutos. Estas pessoas levam uma criança com cancro numa viagem de 10H distribuída pelos seguintes transportes: táxi, comboio, barco de madeira (que transporta fruta, e tudo mais) e canoa. O comboio segue recheado de germes e de pessoas. E no meio destas pessoas vai uma menina que no dia anterior teve que receber uma transfusão de sangue e fazer quimioterapia. E toda esta deslocação tem custos. Por mês são necessários 18 euros e as famílias vivem, em média, com menos de 2 euros por dia. O abandono da terapêutica é muito maior neste país. E mesmo no meio de condições duvidosas e pestilentas estas crianças vão travando amizades sempre com um sorriso na cara e boa disposição. E nós ainda nos queixamos do nosso Serviço Nacional de Saúde. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words talk about health care. I can't understand how it's possible to have children with cancer who have to travel for 10 hours to receive a chemotherapy treatment. It wasn't something that has just appeard inside of my head. I was reading, while the storm called Ana is outside, the magazine Notícias Magazine, which I usually read on the diagonal, and caught the attention of the news entitled A longa viagem das crianças de Myanmar (The long journey of Myanmar children). I was impressed with the whole interview. We are really lucky people. If we wait 30 minutes more than the scheduled time for a routine medical visit in the Family Health Unit of our parish we make a scandal. And I don't talk about waiting hours in emergency services. I've been through it, unfortunately more than once, and it's terrible. It is a feeling of pure impotence! But now I wonder what it would be like if I had to make a 10-hour course with a child with cancer until I got to the hospital. In Myanmar the only hospital that has oncology treatments is at an average distance of 10-12H from most of its patients. I think you should read the news just to think about it. Many times we complain about the quele for the butcher, the pharmacy, the supermarket ... We are always running to catch the bus because the next one comes after 20 minutes. These people take a child with cancer in a trip of 10H distributed by the following transports: taxi, train, boat of wood (that carries fruit, and everything else) and canoe. The train is filled with germs and people. And in the middle of these people goes a girl who, on the day before, has received a blood transfusion and did chemo. And all this displacement has costs. 18 euros per month and families live, on average, lwith less than 2 euros per day. The therapy abandonment is much greater in this country. And even between dubious and pestilent conditions these children make friends with a smile on their face and good mood. And we still complain about our National Health Service. Well, but these are already another kind of words. Ana Reis
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