As palavras soltas de hoje falam sobre dias de verão. Lembro aqueles dias de verão que passamos na praia junto ao mar. Eu tu e um livro. Um livro que eu devoro, como sempre. Encosto a minha cabeça no teu colo e deixo-me ficar. Olho o céu. As nuvens passam devagar. O vento não sopra. Sente-se, apenas, uma brisa suave que me embala. Ao longe ouço o mar. O mar calmo. As ondas embalam-nos. Batem na areia como se fosses abraços. Lançam risadas pequenas que ecoam perdidas no espaço. Quase confundem-se com as risadas dos meninos que brincam na praia. Olho para ti e sorrio. É automático. E já mal me lembro da história do livro que estava a ler. Sinto a brisa tocar o meu rosto. Hoje fria. Ontem era uma brisa mais amena. Reconfortante. Hoje gela-me a ponta do nariz. Não lhe toco com medo que possa quebrar. Sopro as mãos numa tentativa mais ou menos conseguida de as aquecer. Luto contra um mecanismo intrínseco para impedir o desperdício de calor corporal. Perco-me nas horas. Já não sei se é meio dia ou meia noite. O frio é o mesmo. Consumidor compulsivo de corpos e de almas. Chega mesmo a congelar o cérebro. A congelar cada neurónio que nele habita. Na verdade sinto mais frio quando não estás por perto. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words talk about summer days. I remember those summer days that we spent on the beach by the sea. It was only me and you and a book. A book that I almost ate, as always. I put my head on your lap and let myself fall. I look at the sky. The clouds pass slowly. The wind doesn't blow. We can feel just a soft breeze that almost makes me fall asleep. In the distance I hear the sea. The calm sea. Waves hit the sand like hugs. They throw small laughters that echoes lost in the air. They are almost confused with the laughters of the boys who play on the beach. I look at you and smile. It's automatic. And I can barely remember the story of the book I was reading. I feel the breeze touching my face. It's cold today. Yesterday was a milder breeze. Comforting. Today the tip of my nose freezes. I don't touch it fearing that it can break. I blow my hands in a successful attempt to warm them. I struggle against an intrinsic mechanism to prevent body heat wasting. I get lost in hours. I don't know if it's noon or midnight. The cold is the same. Compulsive consumer of bodies and souls. It even freezes my brain. It freezes every single neuron that lives inside of my head. I actually feel colder when you're not around. Well, but these are already another kind of words. Ana Reis
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