As palavras soltas vão beber esta noite para brindarem à juventude! Brindam à juventude eterna! Brindam à eternidade humana! Brindam, brindam, brindam, ... E continuam a brindar até que o copos se partam no ar. Até que os copos se partam nas minhas mãos. Brindo! E o tilintar dos copos torna-se cada vez mais sonoro. Brindo! E o movimento, repentinamente, torna-se mecânico. Já não sou mais eu a controlá-lo. Tornou-se num movimento mecânico. Brinde mecanizado. Brinde que já não é brinde. Brinde que só é brinde porque eu continuo a ouvir o tilintar dos copos e porque eu grito. Grito vivas à vida! Grito vivas à juventude! Grito vivas à eternidade humana! Grito vivas! Grito! Grito, grito, ... Páro. Já não se ouvem mais sons a não ser o estilhaçar dos vidros nas minhas mãos. Olho-as. Olho-os. Olho e vejo o chão coberto de pequenos pedaços brilhantes. Se não fosse o seu relevo poderia muito bem confundir cada pedaço de vidro com um pedaço de chão. E pisá-los. Pisá-los como se fosse um caminho ladrilhado. Ladrilhado com pequenos ladrilhos de estilhaços. Estilhaços que outrora foram copos com os quais eu brindei à vida, à juventude e à eternidade humana. Varro cada ladrilho. Varro, desde o mais pequeno ao maior. Varro. E, de repente, deixo de ter ladrilhos ou estilhaços no chão. Resta, apenas, chão. Chão por onde vou caminhando. Chão que vou pisando devagar. Volto a encher os copos. Um brinde a mim! Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
Tonight may words will drink and make a toast to youth! A toast to eternal youth!A toast to human eternity! A toast, a toast, a toast, ... and they will keep on toasting until the glasses start to break in the air. Until the glasses start to break in my hands. A toast! And the tinkling of glasses becomes increasingly audible. A toast! And the movement suddenly becomes mechanic. I have no longer control of it. It becames a mechanical movement. A mechanized toast. And so the toast isn't already a toast. The toast is only a toast because I keep hearing the clinking of glasses and because I shout. A toast to life! A toast to eternal youth! A toast for human eternity! I shout out loud! I shout! Shout, shout ... I stop. And so I no longer hear other sounds than the shattering of glasses in my hands. I look at them (hands). I look at them (glasses). I look and see the ground covered with small shiny pieces. If weren't for their relief I could confuse each piece of glass with a piece of ground. And step on them. Walk on them like a tiled path. Tiled with small shards of tiles. Shards that were once glasses with which I toasted to life, eternal youth and human eternity. So I clean up each tile. I clean up every single tile from the smallest to the largest. I clean up. And suddenly I can't see no longer tiles or shards on the floor. There remains, only, the floor. The floor where I walk. Floo in which I'll slowly walk on. And so I fill other glasses again. A toast to me! Well, but this is already another kind of words. Ana Reis
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