Avançar para o conteúdo principal

Palavras soltas (21/08/2015 - Toast/Brinde)



As palavras soltas vão beber esta noite para brindarem à juventude! Brindam à juventude eterna! Brindam à eternidade humana! Brindam, brindam, brindam, ... E continuam a brindar até que o copos se partam no ar. Até que os copos se partam nas minhas mãos. Brindo! E o tilintar dos copos torna-se cada vez mais sonoro. Brindo! E o movimento, repentinamente, torna-se mecânico. Já não sou mais eu a controlá-lo. Tornou-se num movimento mecânico. Brinde mecanizado. Brinde que já não é brinde. Brinde que só é brinde porque eu continuo a ouvir o tilintar dos copos e porque eu grito. Grito vivas à vida! Grito vivas à juventude! Grito vivas à eternidade humana! Grito vivas! Grito! Grito, grito, ... Páro. Já não se ouvem mais sons a não ser o estilhaçar dos vidros nas minhas mãos. Olho-as. Olho-os. Olho e vejo o chão coberto de pequenos pedaços brilhantes. Se não fosse o seu relevo poderia muito bem confundir cada pedaço de vidro com um pedaço de chão. E pisá-los. Pisá-los como se fosse um caminho ladrilhado. Ladrilhado com pequenos ladrilhos de estilhaços. Estilhaços que outrora foram copos com os quais eu brindei à vida, à juventude e à eternidade humana. Varro cada ladrilho. Varro, desde o mais pequeno ao maior. Varro. E, de repente, deixo de ter ladrilhos ou estilhaços no chão. Resta, apenas, chão. Chão por onde vou caminhando. Chão que vou pisando devagar. Volto a encher os copos. Um brinde a mim! Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis



Tonight may words will drink and make a toast to youth! A toast to eternal youth!A toast to human eternity! A toast, a toast, a toast, ... and they will keep on toasting until the glasses start to break in the air. Until the glasses start to break in my hands. A toast! And the tinkling of glasses becomes increasingly audible. A toast! And the movement suddenly becomes mechanic. I have no longer control of it. It becames a mechanical movement. A mechanized toast. And so the toast isn't already a toast. The toast is only a toast because I keep hearing the clinking of glasses and because I shout. A toast to life! A toast to eternal youth! A toast for human eternity! I shout out loud! I shout! Shout, shout ... I stop. And so I no longer hear other sounds than the shattering of glasses in my hands. I look at them (hands). I look at them (glasses). I look and see the ground covered with small shiny pieces. If weren't for their relief I could confuse each piece of glass with a piece of ground. And step on them. Walk on them like a tiled path. Tiled with small shards of tiles. Shards that were once glasses with which I toasted to life, eternal youth and human eternity. So I clean up each tile. I clean up every single tile from the smallest to the largest. I clean up. And suddenly I can't see no longer tiles or shards on the floor. There remains, only, the floor. The floor where I walk. Floo in which I'll slowly walk on. And so I fill other glasses again. A toast to me! Well, but this is already another kind of words. Ana Reis


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Velha que vivia num sapato (Versão portuguesa (portuguese version))

Era uma vez... (ou podiam ser duas ou três) Uma velha que vivia dentro de um sapato. Mas não era um sapato qualquer! Era uma bota com alguns remendos a descoser. A morada dela era como que encantada e bela. Nas cartas que costumava escrever podia ler-se: Rua Sapato-bota, número quarenta e meio, Uma velha ao vosso serviço sem medo do alheio. Quando a primavera se lembrava de aparecer todos paravam para ver O jardim maravilhoso que aquela bota tinha. Tinha árvores e flores sem fim, E cheiros maravilhosos que se espalhavam por todo o jardim! O portão era pequeno e engraçado e estava um pouco enferrujado. O seu ferro foi envelhecendo com o passar do tempo. E sempre que o abriam era possível saber Quem lá entrava pelo barulho que ele costumava fazer. E o seu telhado era um pouco inclinado. As suas paredes já estavam um pouco gastas do tempo. E a porta estava sempre aberta para quem quisesse lá entrar. E muitos eram os que queriam a velha visitar! No seu...

Palavras Soltas (01/04/2014 Dinâmica de grupo: O Abrigo Subterrâneo)

As palavras soltas de hoje vão falar de memórias. Hoje estive a arrumar o meu sótão, em todos os sentidos, e consegui encontrar as coisas mais maravilhosas por lá perdidas e, algumas, esquecidas. Vou tentar partilhar convosco algumas delas ao longo do tempo, pelo menos as mais relevantes e, de certa forma, engraçadas. A memória de hoje vai para o meu último ano de Licenciatura. Tinha uma disciplina com o nome Dinâmica de Grupos que era bastante interessante por interagíamos muito uns com os outros e tentávamos funcionar como um grupo. Acho que foi um bom trabalho para aprendermos a trabalhar em equipa. Se bem que na prática as coisas não são tal e qual a teoria. Um dos desafios que nos foram lançados ao longo do semestre foi a dinâmica: O Abrigo Subterrâneo. E vou lançar-vos o desafio também. "Imaginem que uma cidade no mundo está sob ameaça de ser bombardeada. Aproxima-se um homem de nós e solicita-nos que tomemos uma decisão imediata. Existe um abrigo subterrâneo que só pode...

Regressos / Returns

  As palavras soltas de hoje falam sobre regressos. Já há muito tempo que não as escrevo. E tanto tempo há que vocês não as leem. Por isso, hoje, resolvi escrevê-las. Estas pequenas palavras. Livres. Soltas. Tal como sempre vos habituei. E regressar traz sempre um sentimento agridoce. Tanto de excitação como de medo. As palavras soltas têm destas coisas. Sempre que escrevo deixo que seja o meu cérebro a comandar as minhas palavras. Ou serão as minhas palavras que controlam o cérebro?! Lidar com os pensamento enquanto escrevo é obrigatório. Não tenho escapatória possível. E, assim, regresso. Regresso ao meu mundo. Aquele mundo onde escrevo e desenho. Alio duas áreas da criatividade que sempre amei. E não me importo de viver aqui. Neste meu mundo de criatividade. Sinto-me abraçada sempre que o faço. Escrever. Desenhar. E regressar. Bem-vindas queridas palavras soltas! Que este seja um regresso para ficar. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Today's words will talk about ret...