As palavras soltas de hoje querem escrever. Os meus dedos trémulos vão escrevendo palavras soluçadas que a minha voz rouca, quase ausente, teima em querer falar. A culpa é das palavras. A culpa é da minha voz. A culpa não é da minha voz. A culpa é das palavras que teimam em fazer parte da minha mente. Que teimam em preencher por completo a minha mente sufocando-a. Deixando-a sem ar. Chegando mesmo a obrigá-la a libertá-las de algum modo, de alguma forma mais ou menos convencional, para que consiga, apenas, respirar. Respira. ... Respiro. ... Inspiro... Expiro... Sorvo todo o ar que me rodeia. Deixo algum para ti, sossega. Eu só preciso do ar que me rodeia. Passo a minha mão na tua cabeça. Fecha os olhos e sossega. Podes continuar a dormir. Este tormento de sufocar-me com palavras é só meu. Respiro. ... E olho para ti. Já passou. As palavras saltaram para a folha de papel. Já tenho espaço para o oxigénio que tanto necessito. Já tenho espaço para mais umas quantas palavras. Reservo este espaço para quando acordares. Para as primeiras palavras que a tua boca irá soprar. E, então, o meu coração enche-se, como se de um presente se tratassem, das tuas palavras. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words want to write. My trembling fingers will write this sob words that my hoarse voice, almost absent, stubbornly want to speak. Words are guilty. My voice is guilty. The fault is not of my voice. The fault is on the words that insist on being part of my mind. They hell-bent on completely fill my mind choking it. Leaving it breathless. Going so far as to force it to release them in some way in some more or less conventional way, so it can, just breathe. It breathes. ... I breathe. ... I breathe in ... and breathe out ... I sip all the air around me. Don't worry I leave some for you. I just need the air around me. Just feel my hand on your head. Close your eyes and be quiet. You can keep on sleeping. This problem of suffocating myself with words is only mine. I breathe. ... And I take a look at you. It has passed. I'm ok now. The words jumped to the paper sheet. I've got now space for the oxygen that I need the most. I've got now space for a few more words. I reserve this space for when you wake up. For the first words that your mouth will blow. And then my heart will be filled up of your words, as if they were a gift. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis
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