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Palavras soltas (18/03/2015 - A tal/ The One)


https://www.youtube.com/watch?v=-J7J_IWUhls

As palavras soltas de hoje encontram-se estacionadas no meio de um dilema. Como é possível escolher no meio de todas as gotas de chuva a que é a melhor? Como posso descobrir no meio de tantas gotas de chuva a que contém menos quantidade de poluição? A que é menos ácida? A que é mais cristalina? A que é mais pura? A que caiu por engano no meio de tantas outras e sente-se completamente desenquadrada? Como escolher no meio de todas estas gotas de chuva a que preenche todos estes requisitos e muitos outros que, com o tempo, o meu cérebro consegue inventar à medida que se torna mais exigente, até com ele próprio? Sinto-as na minha mão. Talvez o meu tato seja tão sensível que  se torne capaz de detetar no meio de tantas gotas a Tal. Aquela que é a escolhida para ficar na minha mão. Aquela que é a escolhida para ficar comigo, atravessar os poros da minha pele e chegar até ao meu coração. Quantas gotas mais irão cair? Olho-as. Na verdade, mal consigo distingui-las. Em muitos dos casos tornam-se uma só. Caem. Quando dou por mim tenho o meu casaco vestido, o guarda-chuva aberto e as galochas calçadas. Vou apenas apreciar o momento. Caminho. Não olho para trás. A estrada vai ficando um pouco mais pesada pela lama criada. As galochas pesam, agora, mais uns quantos quilos. Mas não me deixo ficar. Continuo o caminho como se de asfalto se tratasse. Olho as pessoas e o caminho e, por momentos, esqueci-me do meu dilema. Já não é importante escolher a TAL gota. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis

https://www.youtube.com/watch?v=-J7J_IWUhls

Today my words are parked in the middle of a dilemma. How can I choose among all the raindrops for the best raindrop? How can I find among so many raindrops the one that contains the least amount of pollution? The one that is less acidic? The one that is more crystalline? The one that is more pure? The one that fell by mistake in the middle of so many others and that feels completely deranged? How can I choose among all these raindrops the one that has all these requirements, and many others, that as time is passing by, my brain can invent as he becomes more challenging, even to himself? I feel them in my hand. Maybe my hand is so sensitive that it becomes able to detect among so many drops The One. The One that is chosen to be in my hand. The One that is chosen to be with me, that can go through the pores of my skin and get up to my heart. How many more drops will fall? I look at them. In fact, I can hardly distinguish them. In so many cases they become one. So they keep falling. When I find myself I got my coat dressed, I got my umbrella opened and my boots on my feet. I'll just enjoy the moment, the view. I don't look back. The road gets a little heavier through the mud created by the raindrops touching the earth on the ground. Now my boots are more heavy than before. Maybe it's just a few extra pounds. But I don't let me stop. I continue the path as if it were asphalt. I take a quick look at the people that walk around and for a moment, I forgot my dilemma. It is not that important to choose The Drop. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis

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