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Palavras soltas (12/12/2014 - Ausência/ Absence)



As palavras soltas de hoje voltaram após alguma ausência. E existem ausências que são mais sentidas do que vividas. Existem ausências que doem mais do que magoam. Existem ausências que nos fazem recordar e outras que nos fazem lembrar. Lembrar que as devemos esquecer. E o meu coração aquece todo o meu ser ao ser aconchegado pelas asas de anjos caídos. Os quais a cada esvoaçar vão espalhando pelo mundo as penas que iluminam, com a sua brancura imaculada, os meus dias. Por todo o lado vejo penas. Colho-as. E abraço-as. Sinto-as. Respiro o ar que me invade os pulmões, enchendo-os completamente. Respiro. E o medo de não ter nada desaparece. E o medo de estar sozinha desaparece. A dor de outrora já não é mais dor. Já nem sei o que isso é. Já nem tenho a certeza de onde me doía. A ferida cicatrizou. A ferida sarou, curou, desapareceu, foi-se. E o esforço que faço para que passem a entender-me deixo-o de lado. Foi em vão. Quem gosta de mim entende-me. Todos os outros são meros objetos decorativos do meu viver. Aceitam-me. Quem me ama aceita-me. Os outros apenas acabam por aceitar ou, então, não. Mas não me preocupo mais com isso. Não me preocupo mais com eles. E já não tenho mais medo de estar sozinha. Já nem sei o que isso é. O medo de servir os outros já não faz parte do meu ser. Sirvo-os porque sim. Só pela satisfação crescente de os ver felizes. E, assim, torno-me numa pessoa mais feliz. E a morte... A morte não faz parte dos meus medos. A morte faz parte da minha vida. Não no presente. Não no passado. Mas, sim, no futuro. Devo odiar quem me humilha? Não. Não temo ser humilhada. Só sofrerei na minha pele aquilo que eu deixar que me aconteça. E a humilhação não faz parte do meu vocabulário e, por isso, não sei o que é para deixar que me aconteça. Sinto o abraço forte das asas anjelicais no meu coração. Sei que, jamais, me deixarão cair na escuridão e perder-me desta luz que me ilumina. A luz de penas caídas. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis


Today my words decided to come back after some absence. And there are absences that are more experienced than lived. There are absences that are morepainfull than hurt. There absences that make us remind them and others that remind us to remember them. Remember that we should forget them. And my heart warms my whole being while it is cuddled by the wings of fallen angels. Which every flutter is spreading around the world the feathers that light, with its immaculate whiteness, my days. Everywhere I go I can see feathers. I harvest them. I hug them. I feel them. I breathe the air that invades my lungs, filling them completely. I breathe. And the fear of having nothing disappears. And the fear of being alone disappears. The pain of the past are no longer pain. I don't even know what it is. I am not really sure of where, in my whole body, I feel pain. The wound healed. The wound healed, cured, is gone,... is gone. And the effort I make to people understand me I leave it aside. It was all in vain. Who loves me understand me. All others are mere decorative objects in my life. They accepr me as I am. Who loves me accept me. All others just end up accepting me or not. But I am not worried about that anymore. I don't even bother with them anymore. And I have no more fear of being alone. I don't even know what it is. And the fear of serving others is no longer part of my being. I serve them because I do. I serve them only to feel the increasing satisfaction of seeing them happy. And so, I become a happier person. And death ... Death is not  part of my fears anymore. Death is part of my life. Not in the present. Not in the past. But, yes, in the future. Should I hate whoever humbles me? No. I don't fear to be humiliated. I will only suffer on my skin what I let happen to me. And the humiliation is not part of my vocabulary, so I don't know what is to let it happen to me. I feel the warm embrace of anjelical wings in my heart. I know they won't ever let me fall into the darkness and lose myself from this light that enlightens me. The light of fallen feathers. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis

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