As palavras soltas de hoje falam sobre outro dia na praia. Há dias de praia marcantes. Este foi marcado pela viajem de ida. Pelo nevoeiro. Pela água. Pelo almoço tipo piquenique. Pela chuva. Pelo unicórnio. Pelo regresso. A viajem de ida foi uma aventura porque os miúdos tiveram que pensar que íamos fazer uma corrida entre os três carros para, alegadamente, irem mais sossegados. E foram?! Bem, posso dizer-vos que do meu carro viam-se pés no ar, braços de um lado ao outro do carro, o cinto atravessava todo o banco traseiro, … Em suma, iam bastante sossegados! Chegados à praia, e como seria de esperar os miúdos ganharam a corrida e fizeram questão de o dizer, o nevoeiro estava instalado uns metros à frente no mar. A esperança de que o tempo melhorasse mantinha-se ativa numa alta percentagem (98%). As nossas esperanças estavam focadas não no céu, porque já tínhamos descoberto que do céu pouco ou nada viria, mas sim no mar. Muita gente no mar a rir, a nadar, a brincar, … Tudo era sinal de que a temperatura da água devia estar maravilhosa. Por isso apostamos numa ida em conjunto à água à procura de algum conforto. Estava melhor do que da outra vez. (muito melhor!) Mas não estava suficientemente quente no exterior para sentir vontade de nadar e divertir-me na água. Quando voltava para a toalha fiquei retida numa construção que os miúdos estavam a fazer: uma piscina. Fui, mesmo, o brigada a participar naquele trabalho de equipa porque quando olhei para a minha mão já tinha lá uma pá pousada. Mãos à obra! E fui construindo, desenhando um círculo na areia molhada que, cada vez mais, ia tomando a forma de uma piscina. Como é normal, quando dei por mim estava a construir sozinha uma piscina na areia molhada naquele extenso areal. A hora de almoço chegou e foi super tranquila. (Só que não!) Entre adultos a reclamar e crianças a gritar… Houve de tudo um pouco. Tudo aquilo a que se tem direito num piquenique na praia cheio de adultos e com duas crianças ativas. Guardanapos pelo ar. Sopa pela toalha. Gaivotas a inspecionar a área. Não podia ter sido melhor! Como toda a pessoa que é pessoa, após o almoço o sono começou a dar o ar da sua graça. O sono foi chegando e apoderando-se da mente de cada um de nós lentamente. Suavemente. Quase em surdina. Sem fazer-se anunciar. Sssshhhh… Assim adormecemos. Lembro-me de acordar e virar a minha barriga para o céu e olhar em volta e ver uma boia em forma de unicórnio. (As boias perseguem-me!) Voltei a fechar os olhos e senti-me pequenas gotas de água fria a tocarem-me na barriga. "Agora o vento está a trazer gotas de água do mar. Que bom!" Pensei. Mas não era o vento. E qual não foi o meu espanto as gotas começaram a cair com mais intensidade. Quando olhei em volta novamente tudo estava a ficar molhado rapidamente. Acordei o grupo de dorminhocos. Comecei a recolher os pertences para evitar que se molhassem muito. E mantive-me debaixo do guarda-sol. E a chuva passou. Parou tão rápido quanto começou. E o unicórnio continuava na areia. Acho que nem chegou a sentir a temperatura daquela água cristalina. Resolvemos regressar. A chuva estava prestes a voltar. (E voltou!) Resolvemos ir comer um gelado. Comer um gelado num sítio protegido daquela instabilidade climatérica. O regresso voltou a incluir uma "competição". Os miúdos foram o caminho todo a controlar se o carro onde seguiam ia em primeiro lugar na "competição". Viam-se pernas e pés no ar. Braços que atravessavam o carro de um lado ao outro. Desta vez o cinto manteve-se no lugar. Ou então voou de um lado para o outro enquanto eu fechei os olhos e adormeci. Os miúdos acordados e eu a dormir como se não existisse mais nada. Apenas uma boia em forma de unicórnio. Ou não. Bem, mas estas já são outras palavras soltas. Ana Reis
Today my words talk about another day at the beach. There are diferente beach days. This was different because of the outward journey. Because of the fog. Because of the water. Because of the picnic lunch. Because of the rain. Because of the unicorn. Because of the returning journey. The trip was na adventure because the kids had to think we were going to make a race between the three cars to allegedly they go quieter. And did it happen?! Well, I can tell you that from my car I could see feet in the air, arms from side to side of the car, the belt was crossing the whole backseat, ... In short, they were quite quiet! Arriving at the beach, and as it would be expected the kids won the race and focused it by yelling 100 times "WE WON!", the fog was installed a few meters ahead in the sea. The hope that time would improve would remain active in a high percentage (98%). Our hopes were focused not on the sky, because we had already discovered that nothing would come from the sky, but rather at sea. Lots of people at the sea laughing, swimming, playing, ... It was a sign that the water temperature must have been wonderful. That's why we bet on a trip together to the water searching for some comfort. It was better than the other time. (much better!) But it wasn't hot enough heat outside to feel like swimming and having fun in the water is really good. When I returned to the towel I was caught in a building that the kids were doing: a swimming pool. I even went to the brigade to participate in that team work because when I looked at my hand there was already a shovel inn. Get to work! And there I was, building and drawing a circle on the wet sand that was increasingly taking the form of a swimming pool. As it is normal, when I found out, I was alone building a pool on the wet sand on that long beach. The kids had quit. Lunch time arrived and it was super quiet. (But not!) Between adults complaining and children screaming ... There was a bit of everything. We had all that's included at a beach picnic filled with adults and two active kids. Napkins by air. Soup for the towel. Seagulls to inspect the area. It couldn't have been better! I was always laughing! Like everyone who is a person, after lunch the sleep began to say Hi!. Sleep was coming and gripping the mind of each of us slowly. Gently. Almost muted. Without advertising. Sssshhhh ... So we fall asleep. I remember waking up and turning my belly up to the sky and looking around and seeing a unicorn shaped float. (The buoys haunt me!) I closed my eyes again and felt small drops of cold water touching my belly. "Now the wind is bringing drops of sea water. I thought. But it was not the wind. And the more I thought that the more the drops began to fall with more intensity. When I looked around again everything was getting wet quickly. I woke up the group of sleepers. I began to collect the belongings to avoid they getting too wet. And I kept myself under the sunbrella. And the rain passed. It stopped as fast as it started. And the unicorn was still in the sand. I think that the unicorn hadn't even felt the temperature of that sea crystal clear water. We decided to return. The rain was about to return. (And it came back!) We decided to go somewhere and eat an ice cream. Eat an ice cream in a place protected from that climactic instability. The returning trip included, again, a "competition." The kids went the whole way to check if their car was going first in the "competition". I could see legs and feet in the air. Arms that went from one side to another of the car. This time the belt remained in its place. Or it flew from side to side as I closed my eyes and fell asleep. The kids were awake and I was asleep as if there was no tomorrow. Isn't it ironic?! Just an unicorn shaped float. Or not. Well, but these are already another kind of words. Ana Reis
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