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Palavras soltas (22/01/2015 - Corações/ Hearts)



A palavras soltas de hoje sentem-se cardiologistas. Porque há palavras que doem mais por não serem ditas com o coração. Porque há sentimentos que só o coração conhece e guarda-os bem longe do pensamento. Porque há coisas que nunca deveriam ser ditas com a cabeça... Porque os dias custam mais a passar quando as palavras são azedas. E, além do mais, faz crescer tecido necrosado no coração. Necrose. O tecido morre. O coração pára. O cérebro, por mais que lute, acaba por morrer também. Todo o corpo morre. Todo o corpo cai no chão e desaparece por mecanismos de decomposição da matéria. Matéria orgânica. Alimento para o sub-mundo. Alimento para aqueles que estão na base da cadeia alimentar. Ou estarão no topo? Deixa de existir corpo. Deixam de existir palavras. Deixa de existir sofrimento por palavras que nunca deveriam ter sido proferidas. Drama. Chamo a isto drama. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis

 

Today my words feel like they are cardiologists. Because there are words that hurt more just because they weren't said with the heart. Because there are feelings that only the heart knows and it keeps them away from our mind. Because there are words that should never be spoken with the head ... Because it's really hard to make the time pass when words are sour. And, moreover, these sour words make necrotic tissue grow in our heart. Necrosis. The tissue dies. The heart stops. The brain, however it's fighting against it, will sooner or latter die too. Our whole body dies. Our whole body falls down and disappears by mechanisms of substance decomposition. Organic. We become food for the underworld. Food for those who are down in the food chain. Or are they at the top? Body ceases to exist. Words cease to exist. Suffering caused by words that should never have been said ceases to exist . Drama. I call this drama. Well, but this is already another  kind of words. Ana Reis




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