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Palavras soltas (04/07/2016 - Fábulas/ Fables)



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Illustration by Charles Santore 

As palavras soltas de hoje contam palavras como se estas fossem números. Contam palavras porque nem sempre quantidade significa qualidade. E não. Contam-se histórias. Contos de fadas. Fábulas. Contam-se pelos dedos das mãos aquelas que eu sei e serão precisos muitos mais para contar as que eu gostaria de saber. O lobo que comeu a avozinha. A bruxa que mora numa casa feita de doces. O leão que comeu a raposa.  A cigarra que canta em vez de trabalhar. Raposa que perdeu a cauda. (...) Todas elas moralizantes. Todas elas cheias de sonhos. Todas elas recheiam as mentes e estimulam a imaginação das crianças. Pelo menos enchiam e estimulavam a minha. Agora já não se usam. Estão na prateleira mais alta da estante da biblioteca pública no sector Fábulas e Contos, sector este que as crianças já não procuram.. E estes livros vão ficando esquecidos. "Empoeiram-se" à medida que o tempo vai passando. Perdem cor. Ganham a cor que o tempo lhe dá. Aquele tom amarelado. Perdem cheiro. Ganham o cheiro que o tempo lhes dá. O cheiro a "mofo". O cheiro a "velho". O cheiro a antigo e traças. Traças essas que vão roendo as suas páginas. Que vão deixando marcas nas capas, nas folhas, nas prateleiras quando morrem, .. As traças que esvoaçam se, por acaso, alguém se lembra de pegar num destes livros e dar uma olhadela tímida. Espreitando por entre as prateleiras para ver se não vem ninguém a caminho que repare que estamos com um "mono" destes nas mãos. A cada página que folheamos as ilustrações perdem o seu efeito 2D e apresentam-se mais reais, mais vivas, ... Já não se fazem ilustrações assim. Depois de abrir um livro destes já não é possível voltar a pousá-lo. Apetece-nos levar para casa. Apetece-nos abraçá-lo como fazíamos quando éramos crianças. Mas isso parece mal. Não se faz isso numa biblioteca, nos tempos que correm. Mas porquê, se a vontade é mesmo muito mais do que muita?! A verdade é que estes livros morrem nas prateleiras das livrarias e bibliotecas mas que nunca morram nas nossas mentes e no nosso coração. No final de contas, muitos deles ensinam-nos tanta coisa! E a maior parte das coisas que sabemos, inconscientemente, vem de todos os contos e fábulas que os nossos pais nos foram lendo em crianças antes de adormecer. Bem, mas isto já são outras palavras soltas. Ana Reis

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Illustration by Charles Santore 

Today my words are counting words as if they were numbers. They are counting words because quantity doesn't mean quality. And it doesn't. And we told stories. Fairy tales. Fables. And I can count with my fingers how much do I know and I'll need many more to count those that I would like to know. The wolf that eats the grandmother. The witch who lives in a house made of candies. The lion that eats the fox. The cicada that sings instead of working. (...) They are moralizing stories. All full of dreams. They all fill up the mind and stimulate the imagination of children. At least they used to fill and stimulate mine. Now we no longer use.These books are on the top shelf of the bookcase in a public library at Fables and Tales sector, this sector that children no longer look for .. And these books are becoming forgotten. They start to be dirt as time goes on. They lose color. Tey gain time colors. That yellowness. They lose smell. They win the smell that time gives them. The smell of "mold". The smell of "old." The smell of old and moths. These moths that go gnawing their pages. That will leave marks on the covers, sheets, shelves when they die .. The moths fly if, by chance, someone remembers to pick up one of these books and give a shy glance. Peeking through the shelves to see if there is anyone the will notice that we have a "old book" in our hands. In every single page illustrations lose their 2D effect and become more real, more alive ... Today we can't find graphics like those. After opening one of these books it is no longer possible to put it back on the shef. We only want to take it home. We feel like we really wanto to hugg itas if ther is no tomorrow, like we used to do when we were kids. But it looks strange. It looks strange to do it in the middle of a library. But why, if we really wanto to do it more than anything?! The truth is that these books die on the shelves of bookstores and libraries but never die in our minds and in our hearts. After all, many of them continue teaching us so much! And most of the things that we know, unconsciously, comes from all these tales and fables that our parents used to read us in children before we fall asleep. Well, but this is already another kind of words. Ana Reis

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